O impulso de Jorge Furtado no cinema brasileiro
Redação
Publicado em 9 de junho de 2015 às 03:10 | Atualizado há 4 meses
Walacý Neto,Especial para DMRevista
Ilha das Flores, o filme é bem conhecido por boa parte dos brasileiros. Professores do ensino médio sempre passam a película para os alunos durante alguma aula. Foi assim que assisti ao filme pela primeira vez, mas confesso que, na época, tudo passou meio vago, apesar de o impacto existir, disso lembro. Ilha das Flores foi o filme que deu destaque ao cineasta Jorge Furtado, porto-alegrense e que completa 56 anos hoje.
O curta-metragem é do ano de 1988 e tem roteiro e direção de Jorge Furtado. Com caráter experimental, o filme tem referências artísticas de Kurt Vonnegut Jr., Meu Tio da América e faz uso de algumas matérias enviadas para a RBS TV, local onde Jorge trabalhava na época da produção. Trata-se de uma ilha, homônima ao filme, localizada na margem esquerda do Rio Guaíba, a poucos quilômetros de Porto Alegre. O lixo da cidade é levado todo pra essa região, onde criadores de porcos utilizam os restos da sociedade gaúcha para alimentar os animais. O que resta desse resto é dividido entre moradores da região, que pela miséria são conduzidos a se alimentarem daquele lixo.
A película é dividida em três capítulos: Este não é um filme de ficção, Esta não é a sua vida e Deus não existe. Cada parte do filme apresenta uma determinada ideia difusa do tema abordado no filme. Com o decorrer das cenas, o espectador vai entendendo as definições que dão título ao capítulo. O último, chamado Deus não existe, trata da conclusão, como se Jorge chegasse a essa conclusão após escrever e dirigir o Ilha das Flores.
Outros filmes
Grandes filmes nacionais com destaque, tanto no Brasil como fora, têm alguma participação de Jorge. Foi o roteirista de Caramuru – A invenção do Brasil, lançado em 2001, Lisbela e o Prisioneiro, lançado em 2003, e O Homem que Copiava, que teve também a direção de Jorge Furtado e teve o lançamento no mesmo ano que Lisbela. Jorge também é responsável pela direção e roteirização do filme Meu Tio Matou um Cara, de 2004.
As produções, em longa-metragem, de Jorge tem grande relevância no que tange o cinema nacional. O Homem que Copiava, por exemplo, o segundo longa do diretor, ganhou diversos prêmios. Entre estes o Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias melhor diretor, melhor montagem, melhor filme, melhor roteiro original, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante. Além deste, também foi premiado, em Portugal, no Festróia, em 2004, no Festival Havana, em Cuba, no ano de 2003 e no Trófeu Apca, no Brasil, em 2004, na categoria melhor filme.
Particularmente, entre os filmes que Jorge Furtado participou, o que mais volto a ver é Lisbela e o Prisioneiro. A comédia romântica roteirizada pelo porto-alegrense é baseada na metalinguagem onde a personagem principal tenta viver uma vida de cinema enquanto faz parte de um filme. Além disto, os detalhes do filme e a delicadeza de cada cena atrai qualquer um para rever o filme em algum outro momento da vida. A trilha sonora do filme também merece destaque. Por exemplo, a música de Fernando Mendes Você não me ensinou a te esquecer, interpretada por Caetano Veloso. Também vale citar a junção de Zé Ramalho com o grupo Sepultura na música Dança das Borboletas e a versão de Elza Soares da música de Fagner Espumas ao Vento.
Televisão
A partir do ano de 1990, Jorge começa a trabalhar como roteirista na TV Globo. Dessa época surgem minisséries e séries como Agosto, de 1993, a comédia chama A Invenção do Brasil, no ano de 2000 e, a que talvez teve mais destaque sendo adaptada pra filme, Os Normais. O trabalho mais recente de Jorge também foi, na televisão, com Doce Mãe, que foi lançado na Rede Globo em 2014 com Fernando Montenegro no papel principal.
Filmes
- 1989 Ilha das Flores (curta-metragem)
- 1993 Agosto
- 1994 Memorial de Maria Moura
- 1999 Luna Caliente
- 2000 A Invenção do Brasil
- 2000 Tolerância
- u 2001 Caramuru – A Invenção do Brasil
- 2001 Os Normais – Temporada 1, Episódio 16
- 2002 Cidade dos homens – Temporada 1- Episódios 1 – 4
- 2002 Houve uma Vez Dois Verões
- 2003 Benjamin
- 2003 Cena Aberta
- 2003 Cidade dos homens – Temporada 2, Episódios 2 – 5
- 2003 O Homem que Copiava
- 2003 Os Normais – O Filme
- 2004 Meu Tio Matou um Cara
- 2005 Cidade dos homens – Temporada 4 – Episódios 4 – 5
- 2005 O Coronel e o Lobisomem
- 2006 Antônia
- 2007 Saneamento Básico, O Filme
- 2008 Romance
- 2009 Antes que o Mundo Acabe
- 2009 Decamerão – A Comédia do Sexo
- 2011 Homens de Bem
- 2012 Doce de Mãe
- 2013 Real Beleza
- 2014 Boa Sorte
- 2014 Doce de Mãe
- 2014 O Mercado de Notícias
- 2015 Real Belexa
Filmes
2003: Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor diretor e de melhor roteiro original, por O homem que copiava.
2003: Prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Miami, por O homem que copiava.
2003: Prêmio da Crítica no Festival Internacional de Punta del Este, por O homem que copiava.
2002: Grande Prêmio Cinema Brasil de melhor roteiro original, por Houve uma vez dois verões.
2002: Prêmio de melhor filme – crítica no Cine Ceará, por Houve uma vez dois verões.
2002: Prêmio de melhor diretor no Cine Ceará, por Houve uma vez dois verões.
2002: Prêmio de Melhor filme no Festival de Cinema Brasileiro de Paris, por Houve uma vez dois verões.
2000: Indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Curta-metragem, por O Sanduíche.
1995: Prêmio do Público no Festival de Gramado, por Felicidade é….
1995: Kikito de melhor filme brasileiro no Festival de Gramado, por Felicidade é….
1989: Urso de Prata de melhor curta-metragem no Festival de Berlim, por Ilha das Flores (1989).
1988: Melhor curta-metragem no Festival de Havana, por Barbosa
1986: Melhor curta nos festivais de Gramado, Havana e Huelva, por O dia em que Dorival encarou a guarda.