Xô a todas formas de preconceito: não à gordofobia! Poucos conhecem e muitos praticam
Redação
Publicado em 8 de abril de 2015 às 01:17 | Atualizado há 10 anosLorena Ayres, Especial para Opiniãopública
O artigo de hoje nasceu a partir de uma situação comum em nosso meio: “olha aquela gorda ali”, “ahhh ela não tem o padrão de beleza, é gordinha, fofa”, ou muito rechonchudo esse garoto”, “ não a contrate nesta loja é gorda”, nossa ele nunca vai encontrar alguém parece um leitão” e por aí vai…
Historicamente falando, o padrão magro nem sempre foi o dominante. Mas hoje é praticamente fundamental. Podemos analisar, por exemplo, a Idade Média no qual as mulheres magras eram as camponesas e as mulheres “curvilíneas” eram parte da nobreza.
Antigamente, a magreza era automaticamente associada à falta de “dinheiro”. Por causa desse fato, ser uma mulher “gordinha” significava fazer parte da nobreza feudal e, por consequência, esse padrão acabava por tornar-se dominante.
Nos dias de hoje as gordinhas e gordinhos muitas das vezes são recriminados da sociedade por não atenderem o padrão ditado pela mídia. A discriminação aumenta e infelizmente é praticada por muitos e conhecida por poucos.
Teoricamente, a gordofobia é um a forma de discriminação estruturada e disseminada nos mais variados contextos socioculturais, consistindo na desvalorização, estigmatização e hostilização de pessoas gordas e seus corpos que não ocupam o atual padrão de beleza ditado pela sociedade.
Vale ressaltar que o preconceito é um juízo preconcebido, que se manifesta numa atitude discriminatória, insensata, perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento social.
O preconceito pode acontecer de uma forma banal, até um pensamento, por exemplo: que feio, que gorda, que magro, como é burro, olha o negão, aquele é uma frutinha, ou essa coca-cola é fanta…
Atualmente e infelizmente, existem diferentes manifestações e tipos de preconceito, preconceito social, racismo, homofobia e outros. As atitudes preconceituosas são aquelas que partem para o campo da agressividade ou da discriminação.
Somente quem passa pelo ato discriminatório sabe a dor, o mal estar. Discriminar alguém é ato desumano e impensado, afinal é o julgamento de fora pra dentro. Episódio lamentável, foi a discriminação ocorrida com modelos plus size em Brasília em um hotel no último mês, onde foram discriminadas por serem modelos gordas.
Entretanto, o debate sobre gordofobia continua escasso e quase inexistente, é comum ouvirmos que pessoas gordas não são saudáveis ou que ser uma pessoa gorda é algo intimamente ligado à ingestão de comidas gordurosas, são preguiçosos e feios.
Nos dias atuais, pessoas gordas e, principalmente, mulheres gordas, sofrem enorme pressão para se adequarem a um padrão de magreza que é, muitas vezes, inalcançável, seja por motivos hormonais/endócrinos ou por pura e simples falta de vontade.
E saibam, existem pessoas gordas felizes com seus corpos. Nem todas elas querem passar por cirurgias e dietas malucas. Na verdade, a grande maioria quer viver em paz e ter o direito de existir, exercendo nossa cidadania normalmente.
Qualquer pessoa tem o direito de ser como é, de se assumir, afinal tem inúmeros gordinhos que esbanjam saúde, felicidade, praticam esportes por saúde sem qualquer neura sobre o tal padrão de beleza.
Acredito que a base da evolução de uma sociedade é o respeito. Também é importante ressaltar que defendemos a idéia de que todos são iguais porem diferentes em aspectos uns altos outros baixos, gordo e magro, branco ou negro, cabelo liso ou afro, enfim a diversidade é necessária.
Mas acredito e repudio qualquer forma de preconceito, só vamos construir uma sociedade justa, igualitária começando por nossas ações. Para a construção devemos conhecer novos conceitos e aprender. Comece sempre por você a fazer a diferença.
E autoridades constituídas vamos discutir temas relevantes as demandas da sociedade atual, conforme levantamento do Ministério da Saúde 51% da população brasileira está acima do peso.
Discutir saúde é fundamental, mas discutir ofensas também, defendo e acredito que a gordofobia assim como a homofobia deve ser crime, deve ter no mínimo punição a aqueles que ofendem a aparência dos gordinhos.Ser gordinho também não é o fim do mundo, aceitação e realização é questão pessoal de cada um, mas conscientização e respeito é para todos.
Eu sou contra qualquer tipo de preconceito, xô aos gordofóbicos, não à gordofobia!
(Lorena Ayres, advogada e articulista)