Aumento dramático nos conflitos por terra no Brasil em 2024
Redação DM
Publicado em 23 de abril de 2025 às 15:49 | Atualizado há 8 horas
O cenário dos conflitos por terra no Brasil se tornou alarmante, com cerca de 904 mil pessoas afetadas em 2024, conforme o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Esse aumento significativo de mais de 100 mil pessoas em relação ao ano anterior revela uma realidade preocupante, mesmo com uma leve redução no número total de conflitos registrados.
Conflitos persistentes
Apesar de ter havido uma diminuição nas ocorrências de conflitos, que passaram de 2.250 em 2023 para 2.185 em 2024, o número de indivíduos envolvidos subiu de forma expressiva. O relatório destaca que os conflitos estão intimamente ligados a despejos, ameaças, e a violências que afetam comunidades vulneráveis, em especial, os povos indígenas.
Os dados indicam que os fazendeiros são responsáveis por 44% das violências associadas à terra, com registros que incluem desde agressões físicas até ações de pistolagem. Este comportamento violento foi igualmente associado a empresários e grileiros, que completam a lista dos principais agentes de conflitos.
Impacto nas comunidades
Um ponto de atenção é o aumento das violências enfrentadas por posseiros e comunidades quilombolas. O Maranhão se destaca como uma das regiões mais afetadas, com 22 casos relatados de violências contra essas comunidades. Esta situação reflete uma realidade mais ampla de desrespeito aos direitos territoriais de grupos que já enfrentam desafios históricos.
O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ressaltou a importância do trabalho da CPT em dar visibilidade a essas questões, destacando que o relato busca humanizar os números, trazendo à tona as histórias por trás das estatísticas.
Movimentos de resistência
A CPT também chamou atenção para a atuação do “Movimento Invasão Zero”, formado por grandes proprietários de terras e com apoio de parlamentares do setor do agronegócio. Este grupo é conhecido por suas ações violentas contra ocupações e por tentar influenciar a legislação de forma a criminalizar a luta por terra por comunidades tradicionais.
Casos emblemáticos, como o assassinato de Maria Fátima Muniz de Andrade, sinalizam a gravidade da situação e a conexão entre violência e interesses políticos e econômicos. A luta por direitos territoriais se intensifica, e a necessidade de reformas agrárias se torna mais urgente do que nunca, com o objetivo de proteger as comunidades afetadas e promover justiça social.