Economia

Dólar e Bolsa oscilam com conflito de informações sobre guerra comercial

Redação DM

Publicado em 25 de abril de 2025 às 15:30 | Atualizado há 13 horas

O dólar oscila entre os sinais nesta sexta-feira (25), com investidores repercutindo informações conflitantes sobre um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China.
Na cena doméstica, dados de inflação medidos pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15) são destaque.
Às 12h31, a moeda caía 0,10%, cotada a R$ 5,686. Já a Bolsa marcava leve variação negativa de 0,03%, a 134.539 pontos.
Há um disse-me-disse no ar. O presidente Donald Trump afirmou, em entrevista à revista Time nesta sexta, que conversou ao telefone com Xi Jinping sobre a guerra tarifária envolvendo EUA e China.
Ele declarou que consideraria uma ‘vitória’ se as tarifas ficarem em 50% e que espera que acordos comerciais sejam firmados nas próximas três ou quatro semanas. Segundo Trump, a iniciativa da conversa partiu do líder asiático.
Mas, horas depois, o regime chinês negou que tivesse havido conversa: “A China e os EUA NÃO estão realizando nenhuma consulta ou negociação sobre tarifas. Os EUA devem parar de criar confusão”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores chinês, em declaração publicada pela Embaixada da China nos EUA e postada no X (ex-Twitter).
O presidente republicano não disse quando Xi telefonou ou o que os dois líderes discutiram. À Time, afirmou: “Ele telefonou. E não acho que isso seja um sinal de fraqueza da parte dele.”
As falas seguem a esteira de outras declarações conflitantes sobre o possível acordo entre os dois países. Na quarta, Trump havia dito que busca uma resolução “justa” com a China e que “tudo está ativo” nas tratativas, ao que o porta-voz chinês das relações exteriores, Guo Jiakun, afirmou que se tratavam de informações falsas.
“China e Estados Unidos não se consultaram nem negociaram sobre a questão tarifária, menos ainda alcançaram um acordo”, disse, em resposta a uma pergunta sobre as “constantes notícias do lado americano” sobre as tratativas.
O mesmo foi dito por Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, que afirmou que os diálogos não começaram.
“Acredito que as duas partes estão esperando para falar com a outra”, disse, durante um ato à margem das reuniões da primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, em Washington.
Bessent advertiu que os dois países não realizaram nenhuma conversa comercial. Fontes familiarizadas com as discussões disseram que Pequim deixou claro que via as tarifas de Trump como uma forma de intimidação econômica e não irá ceder.
O cenário é misto para os operadores. Ao mesmo tempo em que a falta de informações concretas sobre as negociações impõe cautela, a mera sinalização de que um acordo é possível inspira alívio.
Com isso, o dólar volta a ganhar espaço entre moedas fortes, revertendo parte das perdas causadas pela desconfiança dos investidores sobre os ativos dos Estados Unidos.
“O dólar continua a se estabilizar em relação à maioria das moedas, em meio a sinais de um abrandamento das tensões comerciais globais”, diz Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
O índice DXY —que compara a moeda a uma cesta de outras seis divisas fortes— avançava 0,37%, a 99,66 pontos.
Internamente, o mercado também repercute os dados de inflação do IPCA-15.
O indicador fechou o mês de abril em 0,43%, puxado por aumentos nos preços dos alimentos e de gastos com saúde, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em março, o indicador havia ficado em 0,64%. Foi a segunda leitura seguida de desaceleração após o pico de 1,23% em fevereiro. Na base anual, o IPCA-15 somou 5,49% em abril, contra os 5,26% registrados no mês anterior.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta mensal de 0,43% e avanço anual de 5,49%.
O IPCA-15 sinaliza tendências para o IPCA, que mede a inflação oficial d o país e serve de referência para a condução da política monetária do BC (Banco Central).
O dado coloca à mesa a possibilidade do Copom (Comitê de Política Monetária) encerrar os apertos na taxa Selic já na próxima reunião, marcada para 6 e 7 de maio.
“Por um lado, não se observam indícios de piora na inflação, mas a manutenção em patamar elevado, especialmente do núcleo e dos serviços, sugere cautela. Não esperamos mudança na condução da política monetária, já que o Copom já antecipou que vai realizar um novo aumento nos juros, ainda que não tenha especificado a magnitude”, diz André Valério, economista sênior do Inter.
A expectativa da instituição é que haja uma nova alta de 0,50 ponto percentual na Selic, hoje em 14,25% ao ano, e que esse movimento seja o último do ciclo de apertos.
“Com sinais de desaceleração da atividade, além da expectativa de reversão da inflação de alimentos nos próximos meses, somada à apreciação do real, o aperto monetário atual é mais que suficiente para garantir o controle da inflação ao longo dos próximos trimestres.”

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias