Comida japonesa é boa opção para saborear na madrugada goianiense
Marcus Vinícius Beck
Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 21:40 | Atualizado há 1 ano
É de salivar a boca: salmão, cebolinha, cream cheese/ maionese e enrolados de alga com arroz. Pode-se dizer que se trata de um minimalismo gastronômico, como é a literatura dos escritores Haruki Murakami e Kenzaburo Oe, ou a música de Ryuichi Sakamoto. Esse tal de Temaki é saboroso, realmente. E o que falar, então, do Sushi Lounge? Bom, não há mistério nele: salmão maçaricado. Costuma também ser uma opção aconselhável.
O Temaki Fry fica bem localizado. Para acessá-lo, sem mistério ou dificuldades geográficas, basta chegar à Avenida 136, 1477, no Setor Sul. Tem sido um dos pontos mais procurados por casais, amigos e seres noturnos que desejam beber algo e saborear pratos típicos da culinária nipônica. Às sextas e aos sábados, a casa envereda pela madrugada, fechando às seis horas da matina. De segunda a quinta, as portas abaixam mais cedo – às quatro horas.
Tudo há de ficar melhor, acredite, com a companhia de um saquê. A bebida ajuda a receber a explosão de sabores proporcionada tanto pelo Temaki quanto pelo Sushi. Por ser derivada do arroz (popular na culinária japonesa), tornou-se queridinha dos paladares goianienses, pois as iguarias sentem-se em casa assim que adentram nossas bocas: aroma adocicado, suave e refrescante. Não é uma fama à toa. Harmoniza bem, pra usar palavra da moda.
O universo em torno do saquê proporciona aos bebedores uma viagem pela cultura nipônica. Cada rótulo exibe características próprias, com sabores e aromas díspares uns dos outros. Lendas e lendas tentam explicar a história da birita asiática, mas acostumou-se a crer na versão de que seu nascimento data de 2 mil anos atrás, quando bactérias e fungos infestaram um barril de arroz mal vedado. Ocorreu, digamos, uma fermentação acidental – mas uns japoneses, bebuns além da conta, decidiram aprimorar o processo.
Era preciso alguém – um cara, a mulher desse cara ou um cara qualquer – para mastigar o arroz já cozido e entregá-lo ao recipiente. O principal agente para atuar na fermentação se encontrava na saliva das pessoas. Vem daí, em grande medida, a máxima – um tanto equivocada, diga-se – de que o saquê é um mingau alcoólico. Recomendo que você não caia nessa, falô? Sua graduação etílica oscila entre 13% e 16%, ou seja, está acima do registrado em boa parte dos vinhos e das cervejas (Ipa e Porter, inclusas) consumidas por aí.
Poucos tragos são suficientes para deixar o sujeito ébrio. Mas – veja só – pesquisas indicam que a birita foi consumida pelo povo japonês durante mil anos, com toda aquela produção, de cozinhar o arroz, um cara pra mastigá-lo, outro pra botá-lo num recipiente e deixá-lo ser contaminado por microrganismos. Aos olhos de hoje, não restam dúvidas, tamanho labor ganha contorno contraproducente. À época, além de embriagar a sociedade, servia como recurso para atenuar os efeitos do rigoroso inverno asiático: era complicado suportá-lo.
Mesmo que hoje goze de status elegante, o saquê nem sempre foi visto com tal requinte. Até o início do século passado, não raro, encontrava-se quem dissesse ser inviável levar à boca um líquido preparado sob ditames “roots”, isto é, ainda sem as técnicas capazes de polir o arroz e com as máquinas desprovidas do aprimoramento que se tem atualmente. A tecnologia legou duas versões refinadas do fermentado japonês: premium e superpremium. São considerados novidades até na terra do poeta Matsuo Bashō, mestre do hai-kai.
Sua popularidade nas mesas brasileiras se deve ao fato de haver, por aqui, uma alta comunidade nipônica. Segundo o Museu da Imigração Japonesa, o primeiro navio aportou em Santos (SP), em 1908, e sua embarcação trazia – fora o arroz, item indispensável – rabanete, pepino e molho de soja. Isso justifica, penso comigo, o bom momento pelo qual passa a bebida na Capital goiana, que – chutando por baixo – deve contar com 100 restaurantes especializados em comida japonesa. É possível encontrá-los em cada esquina.
Então, sextou e você tem a opção de ir ao Temaki Fry: comida a um preço justo (dois Temakis saem a R$ 60), carta de bebida diversificada (desde cerveja até saquê) e ambiente bom pra se conversar com a companheira (o). Como cravou, certa vez, o filósofo Walter Benjamin: “o bar é a chave de qualquer cidade; saber onde se pode beber cerveja é quando basta”. Não haja dúvida de que o que acontece com eles configura um sintoma do que acontece com o espaço urbano, suas ruas, sua gente, sua vida. Me diz aí: vamos no japonês?
Temaki Fry
Onde: Av 136, Setor Sul
Horário: Das 17h às 06h
Média pra duas pessoas: R$ 150