O diplomata-chefe dos Estados Unidos em Havana entregou nesta quarta-feira uma carta do presidente Barack Obama ao presidente cubano, Raúl Castro, que trata sobre a restauração das relações diplomáticas entre os dois países. O acontecimento histórico ocorrem no mesmo dia em que EUA e Cuba devem anunciar a abertura de embaixadas nas capitais um do outro, um grande passo para o restabelecimento dos laços diplomáticos cortados em 1961.
Ainda não está claro exatamente o que será a data para a abertura das embaixadas, mas é provável que seja em meados de julho. O secretário de Estado, John Kerry deve participar de uma cerimônia em Havana para marcar a reabertura.
Para colocar em ação a reabertura, o Departamento de Estado precisa comunicar o fato ao Congresso americano 15 dias antes. As chances de bloqueio à retomada são ínfimas, admitem governo e oposição. O único caso em que a maioria republicana poderia causar dor de cabeça a Obama seria ao dificultar a nomeação de um embaixador (a missão pode funcionar sem um, mas ele precisa ser aprovado no Congresso).
As relações entre os dois países tinham sido congelados desde o início dos anos 1960, quando o governo americano rompeu ligações e impôs um embargo de comércio com a ilha comunista. No entanto, no final de 2014, EUA e Cuba concordaram em normalizar as relações.
Cinco meses depois, em abril, os dois líderes dos países se encontraram na VII Cúpula das Américas e mantiveram conversas históricas. Na ocasião, Obama e Castro se comprometerem com o pleno restabelecimento das relações bilaterais e o diálogo político construtivo, no que foi classificado por ambos de marco de uma nova era para a região.
Desde 1977, os EUA e Cuba têm operado missões diplomáticas chamadas “seções de interesses” nas capitais de cada um sob a proteção legal da Suíça. No entanto, eles não gozam do mesmo estatuto que as embaixadas completas.
RELEMBRE
O mais recente marco em um processo de descongelamento entre as relações dos dois países foi iniciado com negociações secretas e anunciada em dezembro do ano passado. Em 17 de dezembro, os dois países afirmaram que a reaproximação era uma maneira de mudar a abordagem de décadas entre os países. No mesmo dia, prisioneiros foram trocados, e foi acordado que outros presos políticos seriam libertados.
Obama adotou medidas executivas para afrouxar as sanções econômicas que pressionam a economia cubana. Havana, por sua vez, se mantém na posição de que ainda é necessário o fim do embargo.
Em maio, os EUA removeram Cuba da lista da lista americana de países que apoiam o terrorismo, abrindo espaço para o governo cubano tomar financiamentos no exterior e expandir negócios e investimentos.
RELAÇÕES ROMPIDAS
Os EUA romperam relações diplomáticas com Cuba em 1959 depois de Fidel Castro e seu irmão Raul liderarem uma revolução derrubar apoiado pelos Estados Unidos presidente Fulgencio Batista e estabelecerem um estado socialista revolucionário com laços estreitos com a União Soviética.
Após uma série de divergências e confrontos diplomáticos após a revolução cubana, os países se viram diante de uma grave crise quando uma força apoiada pela CIA tentou invadir a ilha em 1961, no episódio da Baía dos Porcos, e o presidente Dwight Eisenhower anunciou o fim das relações. Um ano depois, Cuba decidiu instalar mísseis soviéticos em seu território, dando início à Crise dos Mísseis.
O então presidente John F. Kennedy decidiu impor um embargo econômico e comercial a Havana, que somente aumentou desde então. Sem representação diplomática, as missões de cada país são atualmente intermediadas por embaixadas da Suíça.