Uma live nesta quarta-feira (23), às 19h, marca o lançamento do livro ‘Graças a Deus e aos Amigos Meus’, as memórias de José Borges, 88 anos de idade, nascido em Jaraguá e cidadão anapolino, ex-vereador por três mandatos, gráfico, dentista prático e, sobretudo, vicentino.
Em pouco mais de 200 páginas, José Borges narra com uma prosa agradável de ler, típica de quem tem matéria-prima para grandes histórias, a epopeia da sua vida, pontuada pela construção de uma família sólida e numerosa, as andaças por Goiás trabalhando para ganhar a vida e o viés humanitário que sempre esteve presente em sua trajetória.
José Borges entrou para a Sociedade São Vicente de Paulo em 1969. E essa é uma marca indelével da sua vida. Suas memórias deixam clara essa dedicação ao árduo trabalho de ir ao encontro das pessoas empobrecidas, com o propósito de contribuir para o alívio de suas necessidades materiais e espirituais.
O autor ajudou a fundar conferências vicentinas em 25 cidades. Fez parte de obras que marcaram a vida de muitas pessoas: construção de casas (centenas), creche, albergue e centro comunitário, além de ajuda com alimentos, assistência médica e educação.
As páginas do livro são povoadas de várias passagens de auxílio ao próximo, mas fica claro que não se tratam de publicidade da caridade. José Borges simplesmente narra os acontecimentos da sua vida, formada por episódios que exemplificam a devoção em servir as pessoas.
Lá pelas tantas ele escreve que hoje em dia, de vez em quando, encontra alguém que lhe beija a testa e explica que quando menino ele levava para a família, semanalmente, cestas com frutas e doces e alguma mobília. Geralmente filho de uma mulher viúva que nunca poderia ter comprado essas coisas. “Ser vicentino é estar em oração”, diz José Borges, nessa que talvez seja a essência das suas memórias.
A história de uma figura pública também é a história de um lugar e de uma época. Ao longo dos capítulos José Borges vai falando de amigos e acontecimentos que contribuem para ilustrar um tempo em que um dentista prático trabalhava para o governo federal e que apesar de tudo ser bem mais simples, nunca foi mais fácil.
Impressiona como José Borges conseguiu viver tantos acontecimentos. Sua passagem por jornais, trabalhando, sobretudo, na parte gráfica desses veículos, resgatam a história de muitos personagens da imprensa da época. Na política, como não poderia ser diferente, defendeu a democracia e esteve ao lado de figuras que simbolizaram essa luta, como os irmãos Adhemar e Henrique Santillo e o médico Anapolino de Faria.
Na elaboração da primeira Lei Orgânica de Anápolis, em 1990, o vereador José Borges foi o legislador que mais apresentou propostas ao texto original, claramente uma atitude que espelha a vontade do povo naquele momento, de voltar a colaborar com os acontecimentos políticos após um longo período de decisões impostas de cima para baixo.
Ler as memórias de José Borges é aprender que a essência da vida é aquilo que você faz para o próximo – e que acaba retornando para si, lhe dando forças para seguir em frente. Em nenhum momento do livro há descrições de bens materiais adquiridos ou riquezas acumuladas, porque desde o início fica claro que esse não é o principal propósito desse vicentino.
Na abertura do livro há um pequeno poema de Paulo Nunes Batista, escritor e amigo de José Borges: Conheci Zezé tipógrafo / conheci Zezé dentista, / mas conheço, sobretudo, / Zezé humanitarista. / Esse incansável Zezé, / que é homem de ação e fé / em todo ponto de vista.