A beleza é subjetiva, mas para muitas pessoas ela tem um padrão a ser seguido, e com o "bombardeio" de fotos de famosos e até mesmo de anônimos com o afamado tanquinho, lábios que chamam a atenção e um corpo sarado levam à seguinte questão: será que meu corpo está dentro dos padrões?
As academias, sejam em condomínios ou até mesmo as franqueadas, vivem lotadas, não importa o horário: o culto ao corpo tem ganhado força entre as barras de ferro. Mas é nas clínicas de estética que se observa a intensa busca pela padronização de algo que desagrada o paciente, ou às vezes é uma questão de necessidade.
Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS), o Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, com 1,5 milhão de procedimentos por ano.
O cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira elucida sobre algumas questões referentes aos procedimentos estéticos e seus benefícios.
"A cirurgia plástica tem sua importância porque ela tem duas vertentes, a cirurgia reparadora e a estética. Na reparadora, o cirurgião plástico trata de deformidades em crianças e adultos, já a cirurgia estética é muito importante pois pode abranger desde uma plástica de face, no abdômen e sempre associada com a lipoaspiração", explica, diferenciando os tipos de procedimentos estéticos.
O médico explica também que todos podem realizar uma cirurgia plástica, além de comentar sobre quais partes do corpo o público realiza mais procedimentos.
"Todo mundo pode se beneficiar da cirurgia plástica, desde uma criança, com uma cirurgia reconstrutora, com um jovem, assim como na fase adulta e na terceira idade ou quarta. As cirurgias mais procuradas são a lipoaspiração, seguindo da prótese de mama e o terceiro seria o abdômen", afirma.
De acordo com Luiz Haroldo, 80% do público de cirurgia plástica na fase adulta são as mulheres e 20% são os homens, que é um público que tem aumentado.
"Os homens têm buscado mais os procedimentos como rinoplastia, lipoaspiração ou implante de cabelo, ou seja, é um público bastante vaidoso", enfatiza.
A faixa etária que costuma comparecer nas clínicas com mais frequência é a de pessoas com 25 anos, segundo o médico.
Entretanto, há contraindicações da cirurgia estética para pessoas que possuem algumas comorbidades.
"Só não pode se beneficiar da cirurgia plástica estética algum paciente que tenha uma alteração cardiológica ou diabetes grave, porque ao fazer o procedimento, a pessoa com a comorbidade pode estar colocando em risco a sua vida", ressalta.
As redes sociais podem ser tanto espaços de entretenimento quanto gatilhos para algumas pessoas, e nessa guerra entre o culto ao corpo e distorção de imagem, insegurança e narcisismo são separados por uma linha tênue.
"As redes sociais têm um aspecto importante, muitas vezes positivo, outras negativo. Positivo porque pode dar muitas informações, o que eu vejo do ponto negativo, é que só se posta os benefícios e coisas maravilhosas da cirurgia plástica e isso leva à ilusão de que muita gente a pensar que vai ter um excelente resultado", comenta o médico sobre a influência das redes na autoestima.
"É muito importante divulgar um bom trabalho desde que não seja do ponto de vista só promocional para o cirurgião, e que informe o paciente e assegure bons resultados. Costumam haver exageros, as pessoas começam a praticar em qualquer idade com cirurgias mal feitas e com complicações, então todo cuidado é pouco", enfatiza.
Luiz ressalta ainda que é necessário questionar se o profissional que está divulgando o trabalho pela rede social é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, se ele tem título de especialista e se não há nenhum problema ético.
A busca por um corpo mais atraente do ponto de vista social pode sair caro para a saúde, portanto, é de extrema importância que se existe uma vontade ou necessidade de "consertar" uma parte do corpo, é preciso analisar a fundo a ética do profissional que irá realizar o procedimento.