Home / O mundo da psicopedagogia

AMANDA ALVES

As dificuldades na inclusão da criança autista na escola

A importância da inclusão e adaptação escolar para alunos com TEA

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio neurodesenvolvimental que afeta as funções cognitivas. Em muitos casos, caracteriza-se por manifestações comportamentais, dificuldades na comunicação, interações sociais, padrões de conduta repetitivos e interesses restritos.

O TEA pode coexistir com outros distúrbios, tais como depressão, epilepsia e hiperatividade. Há diversos níveis de suporte para o TEA, variando do nível 3 (onde o indivíduo não se comunica verbalmente, evita contato visual e não demonstra interesse pelo outro) ao nível 1, também conhecido como de alto funcionamento, em que os indivíduos falam, conseguem acompanhar um currículo regular, desenvolver habilidades profissionais e estabelecer vínculos sociais.

Indivíduos com autismo enfrentam desafios ao ingressar na escola regular, já que o transtorno pode causar atrasos no desenvolvimento infantil, afetando principalmente sua socialização, comunicação e imaginação. Algumas características comuns incluem tendência ao isolamento, ausência de movimento antecipatório, dificuldades na comunicação, alterações na linguagem, comportamentos repetitivos, resistência a mudanças e limitação na iniciativa. Muitos possuem excelente potencial cognitivo, habilidade de memorizar vastas quantidades de informação, mesmo que pareça não ter aplicação prática, e podem apresentar desafios motores e na alimentação.

Um dos maiores obstáculos que estudantes autistas enfrentam em escolas regulares, sem o devido suporte, é a integração sensorial. A forma como processam as informações sensoriais pode ser diferente da maioria das pessoas. Quando escolas se deparam com um estudante que tem dificuldades de relacionamento e comunicação, ou que não segue as regras sociais, esses comportamentos são por vezes erroneamente interpretados como má educação ou falta de limites. Por desconhecimento, muitos profissionais da educação não identificam as características do autismo. A realidade é que muitos desses profissionais não estão adequadamente preparados para lidar com alunos autistas, e a falta de informação prejudica o processo de aprendizagem desses estudantes.

A inclusão de alunos com TEA vai além de simplesmente tê-los na sala de aula; deve focar na aprendizagem e no desenvolvimento de suas habilidades. Estes desafios se tornam parte da rotina escolar. Uma forma de facilitar a adaptação e promover a aprendizagem é através da adaptação curricular. Contudo, devido à falta de preparação e conhecimento de muitos educadores, muitas vezes essa adaptação não é realizada da forma correta. Adaptação curricular não significa simplificar o conteúdo ou recorrer a currículos de anos anteriores, mas empregar metodologias adequadas às necessidades desses alunos.

A adaptação curricular é definida como o conjunto de modificações feitas nos objetivos, conteúdos, critérios e procedimentos de avaliação, atividades e metodologias, visando atender as diferenças individuais dos estudantes.

A educação é uma das ferramentas mais poderosas para o desenvolvimento de crianças autistas. Por meio dela, elas podem aprender tanto matérias acadêmicas quanto habilidades do dia a dia. Embora o aprendizado destas crianças não seja fácil, com empenho e carinho, elas podem ter uma vida mais autônoma e de qualidade. Para isso, é essencial que as escolas ofereçam estruturas adequadas e que todos os envolvidos no processo educacional estejam bem preparados. Dado que alunos autistas muitas vezes têm dificuldades de adaptação, as escolas precisam considerar ajustes no ambiente. O objetivo não é apenas ter salas de aula inclusivas, mas escolas inteiramente inclusivas. Isso implica em estabelecer rotinas claras e estratégias de adaptação que beneficiem o desenvolvimento desses alunos.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias