Talvez esta é a frase que mais escuto, como psicanalista e fundador de um Instituto que forma psicanalistas e oferece pós graduações em saúde mental: a saúde mental está na moda! Fico sempre pensando se de fato, compreendemos o que isto significa.
Houve de fato, um movimento necessário pandêmico e pós pandêmico em relação ao cuidado e bem estar das pessoas. Valores foram repensados e revisitados, cada qual a seu modo. Os limites foram experimentados e fomos quase que “testados” em nossas possibilidades humanas, ou daquilo que até então pensávamos. E não houve uma outra saída: tivemos que nos olhar e ver o que estava doendo e nos angustiando.
E claro, com isso, o tema referente à saúde mental e cuidado psicossocial foi se estabilizando e sendo, aos pouco, tirados de um calabouço escuro do preconceito e tabu – claro que falta muito ainda. E isto foi muito bom perceber, pois aqui revela o cuidado com o humano, com os limites e faltas.
Penso ainda, que não foi tudo culpa do Covid19. O ser humano de antes já estava há muito tempo passando por questões que estavam lhe colocando em um caminho que o levaria em situações limites, ou seja, mais cedo ou mais tarde iriamos experimentar um pedido de socorro e um grito silencioso ou não de: “não dou conta mais”. E o que a pandemia nos apresentou foram os sintomas que já tínhamos, misturados com uma certeza do nosso não controle.
Isto tudo colocou tantos nos consultórios psicológicos, no tratamento com psicanalistas e até mesmo psiquiatras. E despertou para a necessidade do cuidado consigo mesmo.
Contudo, tenho medo de afirmar que está na moda se cuidar e se valorizar. Pois toda moda é passageira! Será que esta também será passageira? Chegará um momento onde vamos esquecer que precisamos ser cuidados e nos perguntar o que de fato, faz sentido em nossa vida? Virá uma outra moda que mascare o “cuidado conosco”? Chegará uma moda mais atraente que nos faça acreditar que podemos tudo ou de termos o controle de tudo?
Que o tema “Saúde mental” esteja na moda não me preocupa muito, mas sim como cada um olha para ele e se deixa se afetar. Pois falar de saúde mental é cuidado permanente, valorizar nossas dores e angústias, ser presença onde estamos e nos questionar se de fato, quero estar ali. É olhar sentimentos e emoções e não nos privar de sentir.
Um bom termômetro de como olhamos o cuidado com a saúde mental é nos perguntar: “Qual o sentido tem naquilo que tenho sentido?” Faça esta pergunta! Para que o cuidado com a saúde mental evolua e se torne cotidiano, se torne verdade encarnada em nossa vida. E ai, aproveitaremos bem esta “moda”, e não será mais passageira.
E você, qual sentido tem aquilo que você tem sentido? Pense nisto! Se permita! E Conte comigo! E te aguardo aqui, no próximo café, ou diva!
Bom café! Abraços!
Bom café!