Saúde mental é coisa séria e não pode ser deixada de lado. O Janeiro branco é um alerta para os cuidados também com nossa saúde mental.
O Brasil é o país com o maior número de ansiosos no mundo e em 2022 a depressão atingiu o patamar de principal causa de morte evitável no mundo.
Mas o que o sexo tem a ver com essa história de saúde mental?
A sexualidade é um dos quatro pilares para a qualidade de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é um indicador de saúde geral. Uma falha na ereção pode ser o primeiro sinal de um problema cardíaco.
Se o sexo estiver em dia, isso vai influenciar diretamente o seu humor e a sua saúde mental. Vai influenciar também as suas relações interpessoais, não só com a parceria, mas até com seu chefe ou subordinados.
Um trabalho publicado em 2017, por Keith Leavitt e colaboradores, trouxe alguns dados interessantes:
-Ter uma vida sexual saudável aumenta o empenho no trabalho, independente do gênero.
• Melhora do humor no dia seguinte, levando a maior satisfação no trabalho. Esse efeito dura 24 horas.
• Aumento no afeto positivo no trabalho no dia seguinte, independente da satisfação conjugal.
• Relação sexual libera DOPAMINA que traz a sensação de recompensa e OCITOCINA, substância responsável pela interação social e apego.
• Conflito entre trabalho e família diminui a chance de ter relações sexuais na mesma noite.
Em “A vida sexual sob prova: impactos da vida profissional na construção da experiência sexual”,
Uma boa qualidade de vida é o resultado do equilíbrio dos quatro pilares preconizados pela OMS - Sexualidade, Família, Trabalho e Lazer.
O impacto das disfunções sexuais na saúde mental masculina é maior que na feminina. Um homem com disfunção erétil ou “impotência sexual”, como antes era chamada, se sente destruído. A ereção tem um peso enorme na construção da masculinidade. Os homens são muito cobrados para que estejam sempre prontos para o sexo e não amoleçam jamais.
Uma prova disso foi a grande revolução causada pelo Viagra, que permitiu um tratamento eficaz para a maioria dos casos de Disfunção Erétil, trazendo segurança para esses homens. No início, o custo do medicamento ainda era um empecilho para que todos usufruíssem dos seus benefícios.
Porém, com a quebra da patente do Viagra em 2013 e o surgimento de outros medicamentos que eram cópias, com um preço mais acessível, houve uma diminuição no número de suicidios na Suécia em homens entre 50-59 anos, conforme pode ser observado em um trabalho publicado em maio de 2021, no European Journal of Epidemiology.
Intimidade Sexual, envolvendo a ereção masculina, protege contra o suicídio e sustenta a saúde mental. Esse trabalho nos dá a dimensão do quanto os problemas sexuais podem ser causadores de transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade.
Dra Carmita Abdo, Psiquiatra e Sexóloga, fundadora do PROSEX ( Programa de Sexualidade) da USP-SP, é autora do livro - Da Depressão à Disfunção Sexual e vice-versa - onde nos mostra como uma coisa pode levar à outra. Depressão é doença e precisa de tratamento multiprofissional. Ela pode ser causa de muitas disfunções sexuais. As mulheres, por conta das variações hormonais, são mais propensas a desenvolverem quadros depressivos, sobretudo em períodos em que o estrogênio está mais baixo, como na gestação e na menopausa.
Uma das primeiras coisas que o deprimido perde é o prazer pela vida. Sexo está intimamente relacionado com prazer. Na depressão, o indivíduo pode experimentar diminuição da libido, ter dificuldade para ter orgasmo, dificuldade para ter ereção ou mesmo para ejacular. A lubrificação feminina pode estar diminuída e apresentar dores na relação. Homens com transtorno de ansiedade podem gozar rápido demais e isso trazer insatisfação para ele e para a parceria.
O tratamento para ansiedade e depressão também pode impactar a vida sexual, ora diminuindo a libido ou mesmo retardando uma ejaculação.
Por isso, é muito importante o acompanhamento multiprofissional e a conversa entre psiquiatra, ginecologista, urologista, psicólogo é fundamental para propiciar o melhor tratamento para esse paciente, com o menor impacto na sua vida sexual. Isso é perfeitamente possível.
Não deixe sua sexualidade de lado! Lembre-se de cuidar de todos esses aspectos da sua vida. Só assim será possível uma boa saúde mental.
A vida precisa ser vivida com prazer! Afinal, O PRAZER É TODO SEU!
@drajoicelima