A diminuição da libido masculina tem chamado a atenção e os números têm aumentado. Considerados culturalmente como, sempre prontos para o sexo, os homens carregam o peso de não poderem “falhar” na hora H. E para que esse homem tenha uma boa ereção, é preciso que ele tenha desejo.
No Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, realizado pela Dra. Carmita Abdo em 2008, 2.1% dos homens entrevistados relataram diminuição do desejo sexual. Em 2016, um trabalho realizado por Brotto e colaboradores, encontrou um número bem maior de homens com diminuição de desejo, 14,4%.
A testosterona, principal hormônio masculino, é considerada a principal responsável pelo desejo dos homens. Sua concentração é bem maior em homens do que em mulheres. Por conta dessa concentração maior, sempre se acreditou que os homens, biologicamente teriam mais desejo que as mulheres. A verdade não é bem essa, pois desejo sexual não depende só de hormônios e sim de diversos outros fatores. Porém, quando a testosterona está diminuída no homem, automaticamente, seu desejo diminui.
Nas mulheres não temos uma correlação direta entre níveis de testosterona e deseja sexual. Observamos mulheres com desejo diminuído e testosterona normal e vice-versa.
Os estudos precisam avançar um pouco mais para entendermos melhor o papel da testosterona na vida das mulheres e seus valores normais e variações.
Mas, por que será então, que tem crescido o número de homens desinteressados por sexo, mesmo com os hormônios normais?
No consultório, tenho ouvido com muito mais frequência, mulheres reclamarem que seus parceiros não as procuram e dão várias desculpas quando elas tomam a iniciativa de procurarem. Alguns casais ficam 1 a 2 anos sem se relacionarem sexualmente.
Era muito mais comum ouvir essa queixa de falta de interesse ou mesmo recusa ao serem procuradas, por parte dos homens, quando se referiam às suas parceiras.
Para quem é deixado de lado, muitos sentimentos ruins e pensamentos cheios de dúvidas ocorrem.
Mulheres que se sentem feias, achando que a falta de interesse é por questões físicas. Outras que acreditam que o parceiro tem uma amante e estão sendo trocadas. Há também as que questionam se o parceiro é homossexual ou mesmo assexual. E um grupo de mulheres que já pegou esse parceiro se masturbando enquanto assiste filmes ou vídeos pornôs e não entende o porquê do parceiro preferir esses comportamentos ao invés de momentos de sexo juntos. Na maioria das vezes, os homens não dizem para essas parceiras o que lhes está acontecendo.
Angústia, raiva, insegurança, infelicidade e relacionamentos onde a distância entre o casal vai se tornando cada vez mais evidente. E os motivos para essa diminuição do desejo masculino são vários.
A falta de interesse e admiração pelo outro e mesmo uma traição podem ser reais? Sim! Mas não pense que esse é o único motivo para esse casal não transar mais.
A vida moderna, o corre-corre do dia a dia, as constantes pressões no trabalho, podem tirar o foco desse homem do sexo. E pode ser, que ao contrário do que sempre te disseram que homem faz sexo para desestressar, esse homem não consiga se concentrar nessa atividade.
Ansiedade e depressão são outros fatores responsáveis pela diminuição do desejo masculino. O Brasil é o país com o maior número de ansiosos no mundo e é comum encontrarmos muitos homens usando antidepressivos. Alguns medicamentos usados para o tratamento dessas doenças podem levar à diminuição da libido. Portanto, é muito importante conversar com seu médico e fazer os ajustes necessários de medicamentos e doses, caso apresente queixas sexuais.
Algumas drogas antiandrogênicas, remédios para gastrite e úlcera e ainda alguns anti-hipertensivos também podem alterar o desejo masculino.
Doenças endócrinas como alterações de tireóide e aumento da prolactina levam a diminuição da testosterona e diminuem o desejo sexual.
Outro fator importante a considerar é o uso da pornografia. Com a pandemia, várias pesquisas mostraram um aumento estrondoso no acesso aos conteúdos pornográficos , tanto pelos solteiros como pelos casados. A pornografia é uma faca de dois gumes e o vício em pornografia, assim como qualquer outro vício, requer um tratamento prolongado e contínuo , podendo associar psicoterapia, terapia sexual e medicamentos, além dos grupos de autoajuda. A necessidade de conteúdos cada vez mais pesados e o condicionamento da masturbação a movimentos diferentes dos experimentados na relação com a parceria tornam essa parceria nada interessante. Esse homem tem desejo, mas não estará direcionada para aquela parceria.
Situações traumáticas como morte de pessoas queridas também podem impactar o desejo masculino. Na pandemia o desemprego foi outro fator responsável por afetar o desejo masculino.
Com o envelhecimento, a partir dos 40 anos, os homens perdem 1% de testosterona ao ano. Uma avaliação médica periódica é fundamental para garantir saúde física e emocional para esses homens.
Qualquer queixa sexual persistente deve ser logo avaliada e tratada.
Os homens, no geral, têm muito mais dificuldade para reconhecerem que estão com algum problema sexual e buscarem ajuda.
O Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo nos homens é uma das disfunções sexuais mais difíceis de diagnosticar e tratar, justamente porque são subdiagnosticadas.
Uma vida com prazer é muito mais saudável. Não hesite em procurar ajuda!
Um diagnóstico correto, por um profissional habilitado, pode devolver a esse homem e a esse casal uma vida sexual cheia de conexão e satisfação.