Você já se perguntou se você é uma pessoa “boa de cama”? Ou já ouviu isso da sua parceria ou de alguém com que você tenha dividido a cama por uma ou várias noites?
E que atributos são esses que fazem com que alguém seja “bom de cama”?
Nos tempos atuais há uma grande preocupação com a performance sexual. Mas, onde nós aprendemos a fazer sexo? E talvez uma outra pergunta deva ser feita primeiro. Por que nós fazemos sexo?
Em séculos de história, o sexo sempre foi assunto para burburinho. E é inegável sua importância para a manutenção da espécie e seu aspecto reprodutivo. Mas nem nos tempos remotos o sexo era feito apenas para reproduzir. Era assim apenas para as esposas, que deveriam servir ao marido e cumprir suas ob
rigações matrimoniais. Já os homens cumpriam seus deveres de gerar filhos com essas esposas e tinham o direito de descarregarem sua energia sexual fora de casa, com uma prostituta, uma concubina, uma escrava ou mesmo um escravo. O sexo fora de casa era para o prazer e não por obrigação. O mesmo prazer que era negado às mulheres.
No livro “Por que as Mulheres fazem sexo” de Cyndi Meston e David Buss, resultante de uma pesquisa realizada em uma universidade americana, eles encontraram 237 motivos diferentes para as mulheres fazerem sexo. Mais recente, foi publicada a versão masculina, “Por que os homens fazem sexo”. Se existem tantos motivos, se pergunte: porquê você faz sexo? Quais são os seus motivos? Por que você quer ser bom de cama?
A pulsão sexual e a procura por sexo é um instinto animal, mas a forma como fazemos sexo é aprendizado.
A cobrança e preocupação com a performance sexual tem levado homens e mulheres a experiências desagradáveis na hora H.
O número de homens jovens dependentes de medicações como o “Viagra” e outros com a mesma função de facilitar e manter a ereção, tem crescido assustadoramente. A insegurança e o medo de falhar fazem com que esses homens tenham o que chamamos de Ansiedade de Desempenho. Na nossa cultura a ideia de que os homens estão sempre prontos para o sexo e que basta olharem para uma mulher atraente e já terão ereção, traz para os homens uma cobrança muito grande. Além disso, a maioria dos homens aprendem a fazer sexo nos filmes pornôs. Esse é o modelo que eles têm de sexo e sexualidade. Um modelo irreal, onde vemos homens com ereção duradoura e pênis com tamanhos que fogem à média da população.
Na Ansiedade de Desempenho, o estresse gerado pelo momento de ter que mostrar o melhor na cama para aquela parceria, com quem muitas vezes ainda não se construiu uma intimidade, libera tanta adrenalina na corrente sanguínea, que ocorre uma vasoconstrição, dificultando a ereção.E isso ocorre tanto com homens heterossexuais como homossexuais.
Para se ter ereção, é preciso que ocorra uma vasodilatação no pênis e ele se encha de sangue. Uma vez que esse homem falha, é comum achar que irá falhar novamente e ele entra num ciclo de falha, onde o medo e o estresse irão levar a novas falhas. Uma ajuda profissional do terapeuta sexual pode ser necessária nesse momento.
Por outro lado, o número de mulheres que fingem orgasmo também é assustador. E fingem por medo da parceria achar que elas não são normais, para que o sexo acabe logo, para que esse homem se sinta poderoso e por vários outros motivos.
Mas, voltando à nossa conversa inicial de ser uma pessoa boa de cama, um bom desempenho na relação está ligado ao autoconhecimento. Conhecer o funcionamento do nosso corpo, saber aquilo que nos dá prazer, explorar as diferentes sensações e poder comunicar isso ao outro, faz toda a diferença nesse momento. E se desviarmos o foco da performance para o prazer, estaremos dando um salto em direção a uma relação extremamente satisfatória.
Quando o foco está na performance, nos tornamos expectadores da relação. É como se observássemos do lado de fora e não prestamos atenção aos estímulos, que são fundamentais para se ter ereção, ejaculação, lubrificação e orgasmo.
Não seja expectador da relação. Seja um participante ativo. Pare de vigiar a ereção e o orgasmo. Eles irão acontecer naturalmente se você se permitir apenas vivenciar as sensações provocadas pelos diferentes estímulos do momento. Esqueça um pouco a pressa de penetrar, e explore o corpo do outro. Observe as reações do outro, direcione o outro para toques, lambidas, onde você gosta!!!
Intimidade é importante para uma vida sexual prazerosa, e pode sim ser construída numa noite, mas é preciso autoconhecimento e comunicação.
Imagine que o sexo é um idioma, e para ser fluente é preciso conhecer mais sobre esse idioma. Leia sobre o assunto. Se informe mais. Hoje temos bons sites, blogs, livros, perfis nas redes, filmes e séries onde você pode aprender mais sobre sexo. Sexo é aprendizado, não se esqueça disso!
Falhar de vez em quando, é normal. 50% dos homens acima dos 40 anos vão ter falhas eventuais e isso não significa que você tem um problema. Só será um problema se for frequente, recorrente. E aí você precisará procurar um urologista. Lembre-se que você não é apenas um pênis e não precisa fazer sexo apenas com seu pênis. Se a ereção não veio ou veio e não se manteve, continue com outros estímulos e aproveite o momento. Aumente seu repertório na cama e vá além de um sexo focado na penetração.
Para os homens, não deixem que o pornô seja sua única referência, vocês são muito mais que um pênis. Uma relação não precisa começar com um pênis ereto. Vocês também precisam de estímulos e não são só estímulos visuais.
Para as mulheres, parem de fingir orgasmo e conheçam melhor o seu corpo e o potencial de prazer que vocês podem experimentar. Todo o nosso corpo é orgástico. Não temos apenas clitóris. E aliás, tocar um clitóris logo no início da relação, sem lubrificação, pode ser extremamente desagradável. Mas a parceria não vai adivinhar isso se você não disser. Uma relação pode ser prazerosa mesmo quando não temos orgasmo. Dificilmente encontraremos uma mulher que tenha orgasmo em 100% das relações. Saiba o que você gosta e aprenda a comunicar isso para a parceria.
Seja fluente no sexo, mas não se cobre performance! Viva o prazer, porque o prazer é todo seu!!!!!