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A gengivite é um problema de saúde pública subestimado

Dados recentes indicam que a gengivite é amplamente disseminada entre crianças e adolescentes no Brasil, com prevalência próxima de 100% em algumas populações

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A gengivite, uma inflamação das gengivas, é frequentemente negligenciada na lista de preocupações de saúde pública. Contudo, sua prevalência e impactos potenciais vão muito além do desconforto oral. Dados recentes indicam que a gengivite é amplamente disseminada entre crianças e adolescentes no Brasil, com prevalência próxima de 100% em algumas populações estudadas. Esta alta taxa de ocorrência é alarmante e aponta para um problema de saúde pública que precisa ser abordado com mais seriedade.

No Brasil, um estudo recente realizado entre escolares de 7 a 14 anos revelou que 53,9% dos indivíduos apresentavam gengivite moderada, enquanto 46,1% tinham gengivite leve. Este levantamento destaca que a má higiene bucal e o acúmulo de placa bacteriana são os principais fatores de risco para a inflamação gengival. Além disso, foi observado que crianças de classes socioeconômicas mais baixas apresentam uma prevalência maior da doença, evidenciando a necessidade de políticas públicas direcionadas para essas comunidades.

É crucial entender que a gengivite não é apenas um problema local, limitado à cavidade oral. A inflamação crônica das gengivas pode atuar como uma porta de entrada para bactérias na corrente sanguínea, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e complicações na gravidez, como parto prematuro e baixo peso ao nascer. Estudos apontam que a inflamação gengival pode triplicar o risco de infarto do miocárdio e dobrar a probabilidade de derrames isquêmicos.

Além das implicações de saúde, a gengivite gera um impacto econômico considerável. A negligência na prevenção e tratamento precoce da doença leva a complicações mais severas e dispendiosas, como a periodontite, que pode resultar na perda de dentes. Estimativas indicam que o custo anual do tratamento de doenças periodontais no Brasil ultrapassa os R$ 1,5 bilhões. Esses gastos poderiam ser significativamente reduzidos com programas de prevenção eficazes e campanhas educativas voltadas à higiene bucal.

A questão cultural também desempenha um papel significativo na prevalência da gengivite. Muitas pessoas ainda veem o sangramento gengival como algo normal e não buscam tratamento adequado. Este comportamento contribui para a progressão da doença e para a disseminação de desinformação sobre a importância da saúde bucal.

Portanto, é imperativo que políticas públicas sejam implementadas para aumentar a conscientização sobre a gengivite e seus riscos associados. Campanhas educativas nas escolas e comunidades, além de um melhor acesso a serviços de saúde bucal, são medidas essenciais para combater essa doença silenciosa, mas perigosa. A saúde bucal deve ser tratada com a mesma seriedade que outras condições de saúde pública, visando uma população mais saudável e bem informada.

Daniella Mendonça, cirurgiã dentista, especialista em prótese e reabilitação oral e atuante na área de harmonização orofacial. CRO 5473

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