Um grupo de mulheres indígenas ocupou na manhã desta segunda-feira (12), por volta das 10h, o prédio Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde, em Brasília para dizer não ao desmonte da referida secretaria. As integrantes do movimento estão acampadas no gramado da Funarte desde domingo (11) e vieram de diferentes regiões do país para a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas. Entretanto, servidores do edifício acionaram a Polícia Militar, que reforçou a segurança no local.
Cerca de 1500 mulheres indígenas reivindicam melhorias na saúde; se colocam contra a municipalização da saúde indígena e pedem a saída da secretária Especial de Saúde indígena, Sílvia Waiãpi. Durante a ocupação, as manifestantes acessaram 4º andar do edifício, fizeram danças e cantaram; segundo organização, ato 'defende subsistema de atenção à saúde indígena'.
Para mais, em 20 de março deste ano, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou mudanças na pasta. Entre elas, a extinção da Sesai. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a mudança prevê ainda a municipalização dos serviços de saúde para os povos indígenas, o que pode não assegurar a diversidade no atendimento.
"É um momento de inserção das mulheres indígenas na luta por um país melhor"
Presente no ato, a deputada Joênia Wapichana (Rede/RR) ressalta a importância do fortalecimento da saúde indígena."Colocaram uma secretária indígena na pasta pra dizer que tem representatividade, mas ela não tem compromisso com a nossa gente. Queremos o fortalecimento da saúde especial e dos subsistemas. Além disso, somos contra a legalização da mineração, do desmatamento. Não vamos aceitar política genocida do governo Bolsonaro. Não somos obrigadas a aceitar nenhum tipo de destruição dos nossos direitos", concluiu.
Ademais, segundo a coordenadora nacional da APIB, Sônia Guajajara, o protesto reuniu cerca de 115 etnias diferentes. "Não vamos aceitar a municipalização da saúde indígena. Nós, mulheres, não temos a obrigação de aceitar qualquer imposição que venha destruir a nossa saúde, a nossa vida", disse.
Maisa Guajajara, 26 anos, veio do Maranhão para participar do ato. Ela aponta que é um momento de inserção da mulher indígena na luta por um país melhor. "A saúde indígena está fragilizada, não temos assistência de carro. Tem criança e idoso morrendo por falta de atendimento. O país tem que saber da nossa situação nas aldeias".
A atriz Maria Paula Fidalgo também participou da mobilização. Durante o ato, ela fez críticas contra as possíveis modificações na política indigenista brasileira: "Não pode colocar a mulher indígena dentro de hospital fazendo parto de cesariana e submetida a tratamento com antibióticos. Não tem cabimento isso".
O ato desta segunda-feira (12), em Brasília, integra uma série de protestos que vem acontecendo no Brasil. Além disso, em manifestações anteriores, o Ministério da Saúde comunicou que "eventuais mudanças no desenvolvimento dessas ações de vigilância e assistência à saúde aos povos indígenas ainda estão sendo objeto de análise e discussão".
Com informações do G1