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Rafinha Bastos chama Bolsonaro de "psicopata", "egocêntrico" e lunático"

Na tarde de ontem (16) o humorista brasileiro Rafinha Bastos comentou em seu Twitter a atitude do presidente da República Jair Bolsonaro frente ao coronavírus. "Bolsonaro é psicopata. Um senhor egocêntrico, lunático que foi legitimado por uma sociedade doente e decepcionada." Rafinha ainda acrescentou que o político "desperta no povo o que a de pior" e que "o descaso dele com uma epidemia mundial pode colocar muita gente em risco. É um imbecil!".

O humorista usou a imagem de Bolsonaro cumprimentando manifestantes no último domingo (15), em Brasília. Com o ato, o presidente descumpriu as recomendações sanitárias internacionais de não se juntar a aglomerações.

Diferente dos líderes de outros países as atitudes e falas do presidente da República Jair Bolsonaro demonstra irresponsabilidade ao se tratar da pandemia de coronavírus. O que gerou inúmeras críticas ao político.

Ontem (16), depois da atitude de Bolsonaro, a Organização Mundial da Saúde repetiu que o isolamento é fundamental para conter as transmissões da doença. No mesmo dia (16) o presidente disse que a Covid-19 não deve ser superdimensionada.

Também na segunda-feira (16), na saída do Palácio do Alvorada, Bolsonaro preferiu manter distância dos apoiadores. "Vou evitar apertar a mão", disse.

Contudo, as atitudes e palavras do presidente são um tanto contraditórias. Ele mesmo disse na sexta-feira da semana passada, de "repensar" a manifestação para não colocar em risco a saúde das pessoas, em vídeo transmitido em suas redes sociais.

No domingo, esqueceu completamente a recomendação médica de permanecer no Alvorada e evitar aglomerações. Estendeu a mão, cumprimentou, pegou em celulares, colou o rosto para selfies. "Isso não tem preço. Nós políticos temos como mudar o destino do Brasil. Não é um movimento contra nada. É um movimento a favor do Brasil", disse.

Ao lado do presidente estava o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, que é médico. A Associação dos Servidores da Anvisa manifestou descontentamento com a atitude do chefe e afirmou que "as autoridades sanitárias são tomadas como exemplo pela população e, como tal, devem manter uma conduta irrepreensível neste momento de mobilização contra a pandemia".

Repercussão

Outros líderes mundiais tomaram uma atitude diferente de Bolsonaro. Na França, o presidente Emmanuel Macron falou em "guerra" e restringiu encontros públicos. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump falou que a pandemia do novo coronavírus pode durar meses e causar recessão.

No Brasil, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, cobrou compromisso com o coletivo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que a atitude gerou "perplexidade" e que, em vez de assumir o comando do país, Bolsonaro estimulou mais aglomerações e ataques aos outros poderes.

Davi Alcolumbre, presidente do Senado, , disse que a gravidade da pandemia exige responsabilidade de todos, inclusive do presidente da República, e destacou que convidar para ato contra os poderes é confrontar a democracia.

Ontem (6), em entrevista à rádio Bandeirantes, o discurso de Bolsonaro era o oposto dos especialistas em saúde e dos líderes mundiais:

"Existe o perigo, mas está havendo um superdimensionamento nesta questão. Nós não podemos parar a economia. E eu tenho que dar o exemplo em todos os momentos. E fui realmente, apertei a mão de muita gente em frente ao Palácio, aqui na Presidência da República, para demonstrar que estou com o povo. O povo foi nas ruas, você tem que respeitar a vontade popular. Mesmo que o povo erre, você tem que respeitar a vontade popular. Isso é democracia."

O presidente continuou:

"Eu não vou viver preso dentro lá do Palácio da Alvorada esperando mais cinco dias, com problemas grandes para serem resolvidos no Brasil. Essa é minha posição. Não convoquei o movimento e tenho obrigação moral de saudar o povo que foi na frente aqui do Palácio do Planalto, tenho obrigação. Fui lá e fiz a minha parte. Se eu me contaminei, tá certo, olha, isso é responsabilidade minha, ninguém tem nada a ver com isso. Tudo continua funcionando no Brasil, tudo. Está havendo uma histeria."

13 pessoas próximas

Mesmo o teste de coronavírus ter dado negativo em Bolsonaro, 13 pessoas que viajaram com ele para os Estados Unidos estão com a doença. Nesta semana o presidente deve refazer o exame. A equipe do Ministério da Saúde foi questionada sobre a postura de Bolsonaro. "Nós não vamos nos manifestar sobre o comportamento do presidente da República, não nos cabe nenhum tipo de avaliação sobre isso", disse o secretário-executivo do órgão, João Gabbardo.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que não analisa atitude individual e comparou a atitude do presidente à de jornalistas que trabalhavam durante a coletiva de imprensa desta segunda.

“Vocês da imprensa, quando se aglutinam todos aqui, um do lado do outro, falando no ouvido do outro, estão muito longe de um comportamento que a gente possa falar: ‘Esse é o comportamento certo’. Eu tenho as minhas maneiras também, as minhas falhas, cometo os meus erros de comportamento. Agora, não é por isso que a gente vai ficar apontando os dedos”, disse o ministro da Saúde.

Na Suíça, durante uma entrevista com a OMS, o ato do presidente brasileiro gerou um questionamento. Em resposta, a líder técnica do Programa de Emergências de Saúde reafirmou a importância de limitar eventos de aglomeração em massa. Lembrou que a atitude já foi aplicada em vários países afim de reduzir a velocidade de contaminação do vírus.

*Com informações do G1

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