A quantidade de pessoas que vieram a perder a vida em consequência de infecção do novo vírus (Covid-19) sem conseguir atendimento médico para tratamento por acompanhamento de internação em Manaus aumentou de 17% para 36,5% em apenas 24 horas.
O dado foi divulgado pelo prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM). "O momento que passamos está diante de nossos olhos, não queremos caminhar de mãos dadas em direção de um colapso que estar por vir", revelou fazendo uso de suas redes sociais, dando atenção a quantidade de sepultamentos que triplicou em meio à pandemia.
"Nosso estado não é mais de emergência, é de calamidade mesmo. É o caso mais preocupante desse país no que se relaciona ao novo coronavírus", acrescentou. A situação na cidade é considerada a mais grave do país, segundo o último relatório do Ministério da Saúde.
De acordo com Virgílio Neto, em períodos sazonais de gripe, o principal cemitério da cidade tem demanda diária entre 20 e 35 enterros. "Um dia bateu em 66, depois 88, ontem, 121. Hoje foram 106", afirmou. Com o aumento, o sistema funerário está sobrecarregado e, para lidar com a situação, foi criado um comitê de crise para óbitos.
Apelo a Mourão e choro
Na segunda-feira (20/4), o prefeito fez um pedido para o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, com quem se reuniu. "Disse tudo o que eu tinha a dizer de desabafo, de críticas, análises de personagens do governo, sobre esse abandono do Amazonas e que tem se agravado a cada minuto", disse ao sair da reunião. "Vim para essa reunião dizer minhas verdades e não podemos mais esperar planejamentos para daqui a 15 dias e ficarmos vendo as pessoas morrerem”, completou.
Após o desabafo de Virgílio, Bolsonaro foi perguntado por jornalistas qual seria um número aceitável de mortos pela doença no Brasil. Bolsonaro disse que não responderia porque não é "coveiro". A Folha de S. Paulo, então, perguntou o prefeito de Manaus sobre a declaração do presidente. Ao responder ao jornal, Virgílio chorou.
*Com informações do Correio Brasiliense