Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), calcula que Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, que era o chefe da milícia do Escritório do Crime, e transferiu o montante de mais de R$ 400 mil para as contas bancárias do policial aposentado Fabrício Queiroz, ex- assessor do senador Flávio Bolsonaro ( Republicanos RJ), que foi capturado e preso ontem.
Em uma operação policial na Bahia em fevereiro, Adriano foi morto. Conforme as investigações pelo menos R$ 69,5 mil foram depositados nas contas bancárias de Queiroz, por restaurantes administrados pelo miliciano e seus familiares.
O advogado de Queiroz, Catta Preta afirmou que vai entrar com um hábeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ( TJ-RJ), para que seu cliente seja posto em liberdade. Conforme Catta, Queiroz diz não entender o motivo de sua detenção. O advogado confirmou que o PM sempre prestou esclarecimentos às autoridades.
De acordo com a investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), a ex- mulher e a mãe do Capitão Adriano eram " funcionárias fantasmas" do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro. "Há registros bancários de Fabrício José Carlos de Queiroz que indicam que o Restaurante e Pizzaria Rio Cap Ltda (administrado por Raimunda Veras Magalhães, mãe de Adriano) e o Restaurante e Pizzaria Tatyara (administrado por Adriano Magalhães de Nóbrega), transferiram R$ 69,5 mil para sua conta mediante cheque e Transferência Eletrônica Disponível (TED)", lê- se no decreto de prisão preventiva de Queiroz assinado pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27° Vara Criminal do Rio.
Segundo as investigações a mãe de Adriano realizou 17 depósitos no valor total de R$ 91.796 na conta bancária de Queiroz, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A quantia correspondia a percentuais de seu salário como assessora de gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro. Entretanto, ela nunca compareceu em seu posto de trabalho na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro.
Capitão Adriano era chefe da milícia que domina as comunidades de Rio das Pedras e Muzema, na zona oeste do Rio. Ele também liderava o braço armado do grupo, conhecido como Escritório do Crime, uma equipe informal de assassinos de aluguel, que incluía entre outros o policial militar da reserva Ronnie Lessa, acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
Queiroz e o Capitão Adriano se conheceram em 2003, quando serviram juntos no 18° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, o então deputado Flávio Bolsonaro homenageou Adriano com uma comenda da Alerj. Adriano estava preso à época, acusado de homicídio.
Queiroz admitiu publicamente que indicou parentes de Adriano para trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro. Em novembro de 2018, a mãe e ex- mulher de Capitão Adriano foram exoneradas. Um ano depois, Queiroz determinou que Raimunda Veras Magalhães deixasse a cidade do Rio e permanecesse escondida no interior de Minas Gerais, afirma o MP- RJ.
Ele temia consequências da decisão do STF que liberou o compartilhamento de dados financeiros do órgão de controle, a exemplo da Receita Federal e do antigo Coaf, sem necessidade de aval da Justiça. "O ministério Público através do rastreamento de mensagens trocadas com Márcia Oliveira de Aguiar [mulher de Queiroz], descobriu que Raimunda Veras Magalhães estava em uma casa na cidade de Stolfo Dutra, no interior de Minas Gerais".
Queiroz e a mulher trocaram mensagens de celular que indicam que o advogado Luis Gustavo Botto Maia, responsável pelas contas eleitorais de Flávio Bolsonaro, faria uma proposta financeira a Adriano e seus familiares, em troca do silêncio. Botto Maia foi alvo de um mandado de busca e apreensão, na mesma operação que prendeu Queiroz
"Após o encontro com o advogado, Márcia de Oliveira Aguiar telefonou para Raimunda Veras Magalhães para falar sobre a proposta transmitida pelo referido advogado, que foi discutida com Márcia Oliveira e Danielle Mendonça da Costa [ex- mulher de Adriano], na cidade de Astolfo Dutra (MG)", destacou o MP-RJ. Márcia Oliveira enviou uma foto da casa na cidade mineira para o celular de Queiroz. Ele pediu que ela apagasse o dispositivo que permite a localização de seu celular.
A investigação do MP-RJ indica que o advogado Botto Maia se reuniu em Atibaia com Queiroz e o "Anjo", apelido do advogado Frederico Wassef, antes de ele mesmo seguir para Astolfo Dutra. Ele se encontrou com a mãe e ex- mulher do Capitão Adriano, no dia 4 de dezembro do ano passado. Márcia Oliveira Aguiar teve sua prisão decretada pela Justiça do Rio e é considerada foragida.
*Com informações do Uol