Um médico de 41 anos afirma que foi agredido por um empresário no dia 20 de junho deste ano, no condomínio Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, ao tentar acabar com uma festa que ocorria durante a madrugada no apartamento vizinho ao seu . O profissional de Saúde, que prefere não ter seu nome divulgado, relata que levou um soco de Fernando Trabach Gomes Filho, de 27 anos, apontado por ele como locatário do imóvel. O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca).
No início da madrugada do dia 20 de junho, ele afirma ter ido ao apartamento para falar com o vizinho. “Pedi para um funcionário do prédio me acompanhar. Chegando lá, eu disse a ele (Fernando) que a música estava muito alta e que eu tinha plantão no dia seguinte, mas ele estava extremamente agressivo e falou obscenidades da minha mãe e minha esposa. Em seguida, me deu um soco, quebrou meu óculos e abriu meu supercílio” - relata o médico, que depois da agressão chamou a Polícia Militar e o síndico.
A PM compareceu ao local. Segundo relatos do médico e também dos policiais que atenderam a ocorrência, Fernando inicialmente se recusou a ir para a delegacia. Apenas após um período de resistência, que o empresário concordou em ser acompanhado. No entanto, afirmou que estava sem os documentos e disse que iria até em casa buscá-los. O empresário acabou não retornando e não foi levado para a unidade.
Mesmo sem a presença de Fernando, o caso foi registrado na 16ª DP. Em depoimentos prestados na delegacia, um policial militar que presenciou a ocorrência, afirmou que Fernando chegou a ameaçar a autoridade dizendo que ele estava “comprando barulho errado” e também que o PM não sabia com quem estava lidando, pois ele ligaria para a corregedoria.
Além das alegações, o Portal Extra de notícias teve acesso a um vídeo filmado pelo médico agredido. Na gravação, que foi entregue as autoridades, ele não aponta o celular para o empresário e outros presentes. No entanto, é possível ouvir parte da discussão que estava ocorrendo no corredor do prédio após a chegada da PM.
Em um dos diálogos, que segundo o médico ocorreu entre Fernando Trabach e o síndico, o empresário manda o encarregado calar a boca e dispara ofensas contra ele. O síndico então responde que oito apartamentos ligaram reclamando de Fernando. “Faz um favor pra mim, gagá? Mande a multa, mande a multa”, retruca o empresário.
Outro diálogo no vídeo, segundo o médico, ocorre entre Fernando e um dos policiais militares. Nele, é possível ouvir quando um homem, que seria o empresário, afirma que não irá para a delegacia. “Cadê o mandado? Desculpa. Vai ficar na vontade”.
Em outro momento, o homem diz para o policial que ele é seu funcionário. “Eu não sou seu funcionário. Sou funcionário da população do estado do Rio de Janeiro”, retruca o PM.
Procurado pelo EXTRA, o síndico Dirceu Castro confirmou que foi acionado com a chegada dos policiais no dia 20 de junho e também que se desentendeu com Fernando naquela ocasião. Ele, no entanto, afirma que não considera ter sido ofendido. “Tenho 71 anos, sou velho mesmo”, desconversa.
Questionado sobre as denúncias de festas realizadas no apartamento do empresário, Dirceu disse que as constatações foram de som alto. Sobre outras ocasiões em que Trabach foi multado, ele disse ao EXTRA que não poderia falar sobre o assunto.
Apesar dos relatos dos policiais e testemunhas sobre a negativa do empresário de ir para a delegacia, a assessoria de imprensa do advogado Carlos Felipe Guimarães, que defende Fernando, alegou ao EXTRA que não foi constatado qualquer crime pelos policiais militares que atenderam a ocorrência. “Caso acontecesse, seria dada voz de prisão e todos os envolvidos seriam conduzidos à delegacia”, diz o comunicado da assessoria.
Confrontada com as informações sobre as tentativas de levar o empresário para a delegacia, a assessoria acrescentou que contesta a informação. O advogado alega ainda que não houve festa ou aglomeração no apartamento de Fernando.