A professora Júlia, que prefere não revelar seu nome verdadeiro ou idade, foi fotografada, sem consentimento, em que as fotos íntimas foram registradas e divulgadas por moradores de um condomínio de luxo que fica em frente ao seu apartamento em Perdizes, Zona Leste de São Paulo.
Seu primeiro contato com as imagens aconteceu quando uma funcionária do prédio onde mora a chamou para conversar. Durante a conversa, foram apresentadas a ela três fotos suas em momentos íntimos, enquanto usava poucas roupas e que continham nudez.
"Jamais poderia pensar que algo do tipo iria acontecer. Em nenhuma das fotos estou totalmente nua, mas foi uma violação imensa da minha privacidade. Em uma delas, por exemplo, havia acabado de acordar e estava vestindo somente uma camiseta dentro da sala. A pessoa que registrou as imagens deu zoom o suficiente para que meu rosto pudesse ser identificado", conta Júlia ao portal de notícias Uol.
Diante a ciência do caso, Júlia começou a procurar a origem do fato e concluiu que aparentemente, uma das moradoras do condomínio de luxo, que fica em frente ao seu apartamento, considerou moralmente inadequada a forma como a professora agia dentro de sua própria casa. Isso, segundo Júlia, fez com que a suposta mulher incentivasse outra, que trabalha para ela, a registrar as imagens. Ela teve acesso a um áudio da mulher que supostamente a fotografou, em que a funcionária confirma que a patroa observava e desaprovava verbalmente o comportamento da vizinha.
As fotos íntimas de Júlia começaram a circular via Whatsapp entre funcionários tanto do condomínio como do prédio em que ela mora. A professora afirma que no mesmo dia em que tomou conhecimento das fotos, um funcionário do condomínio, de onde as imagens foram tiradas, procurou a administração do prédio de Júlia em tom acusatório. "Ele disse que estava representando um morador indignado e questionou quais providências seriam tomadas contra mim". Ademais, segundo a professora, o homem ainda sugeriu que o proprietário de seu apartamento alugado fosse contatado e esperava que ela recebesse algum tipo de punição ou despejo.
Quando entendeu a gravidade da situação, Júlia procurou uma advogada para saber como deveria proceder legalmente. Após ser devidamente orientada, solicitou a abertura de uma investigação criminal no 23º Distrito Policial de São Paulo.
Segundo a advogada, quatro crimes deveriam ser investigados no seu caso: produzir registro audiovisual de alguém sem autorização; repassar esse tipo de registro sem consentimento; difamação e, por fim, constranger uma pessoa a fazer o que a lei não manda.
Após todo o acontecimento, Júlia decidiu pendurar uma faixa na janela, com trechos do Código Penal, contendo os três artigos pelos quais os vizinhos que produziram as imagens estão sendo investigados criminalmente.