Nesta quinta-feira (20/08), O soldado Henrique Harrison, de 28 anos, será ouvido pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). O soldado foi alvo de preconceito, sendo vítima de ataques homofóbicos proferidos por colegas de farda e oficiais após publicar foto em que aparece beijando o namorado durante sua formatura de praças em janeiro.
Esta é a primeira vez que o militar será ouvido na condição de vítima. A Corregedoria havia colhido o depoimento do soldado, na qualidade de informante, após a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) cobrar explicações do Comando-Geral da PMDF.
Após a repercussão, Harrison foi alvo de muitos comentários maldosos, críticas preconceituosas e alega ter passado por momentos delicados na época.
“Fiquei com muito medo, até recebi ameaça de morte em um dos áudios. Sentimento na época foi de muita insegurança. Não sabia onde eu ia trabalhar, com quem eu ia trabalhar”, conta Harrison ao relembrar as dificuldades que passou após sofrer preconceito dentro da instituição.
O policial militar chegou a temer retaliações internas após a repercussão do caso. “Fui vítima de piadas, fiquei com muito medo. Tive que sair de todos os grupos de WhatsApp que fazia parte”.
Diante do medo e das dúvidas, Harrison recebeu importante apoio do comando do 1º Batalhão de PMDF, no Sudoeste, onde está lotado. “Preciso ressaltar que o major Kotama [comandante da unidade] sempre foi muito correto comigo. Me chamou para conversar e disse que poderia contar com ele. Sou muito grato a ele por isso”.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) abriu uma investigação para apurar as declarações, consideradas homofóbicas, por meio do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação. Foi instaurado procedimento para apurar e adotar as medidas cabíveis.
O depoimento de Henrique Harrison é um dos desdobramentos das apurações conduzidas pelo MPDFT e pela Corregedoria-Geral da PMDF.