Apesar da disseminação do coronavírus no Centro-Oeste, a Força Aérea Brasileira (FAB), procedeu neste mês, a realização de um treinamento para 700 militares, na região metropolitana de Campo Grande. A atuação incomodou o governo estadual, que prioriza a restrição de atividades que não sejam essenciais.
A capital do estado concentra aproximadamente 40% dos 29 mil casos de Covid-19 no Mato Grosso do Sul, que até sexta-feira registrava 481 mortes pela doença. No mapa da administração estadual, a cidade aparece como "risco extremo".
Conforme a Secretaria de Saúde do Estado, sustentou que "não recomenda a realização do evento neste período", mas que "respeita a decisão da FAB", por entender que o planejamento sanitário criado para o exercício militar "possuí todas as medidas necessárias para a segurança dos envolvidos".
O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e infectologista da Fiocruz, Júlio Croda, considerou que a região vive o momento mais delicado na pandemia até agora. A ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) alcançou 94%, sem sinais de estabilização no total de contaminados.
"É um momento crítico. Se muitas pessoas vêm para a cidade com elevado nível de contaminação, temos que pensar se o evento é essencial, se deve ser realizado e se não pode ser adiado. Não é momento de aglomerar pessoas, de nenhuma atividade que não seja essencial", assegurou.
Treinamento
Denominado de Exercício Operacional Tápio ( ExpoTápio), acontecerá em uma base militar de Campo Grande, de 17 de agosto a 4 de setembro. A operação capacita a Força Aérea para cenários de "guerra irregular", conflitos com grupos de traficantes ou guerrilheiros.
Para a Aeronáutica, o treinamento, que ocorre pelo terceiro ano consecutivo, é importante para manter a capacidade de operação dos militares e para o emprego imediato em missões em curso, como a Verde Brasil, que combate incêndios no Pantanal.
Segundo a FAB, todas as medidas de proteção estão sendo acatadas, para que militares não sejam contaminados e para que, em caso de contaminação, o sistema de saúde local não seja sobrecarregado. Os participantes do Expo Rápido serão submetidos a testes para Covid-19 às vésperas do embarque. Uma comissão de vigilância vai monitorar as instalações e uma equipe médica estará de prontidão.
Conforme o site Terra, no ano passado, o treinamento mobilizou 50 aeronaves da FAB e mil militares da Marinha, Exército e Aeronáutica. As manobras envolvem equipes de Transporte, Caça, Asas Rotativas, Reconhecimento e Busca e Salvamento, da Brigada de Defesa Antiaérea e dos Grupos de Defesa Antiaérea.
A FAB disse em nota que "a realização do Expo Rápido é fundamental para garantir a continuidade da capacitação operacional dos militares e a pronta resposta para emprego em diversas missões, além da atuação em casos de resgate de enfermos em navios, transporte de medicamentos e equipamentos de saúde".