Na terça-feira (22/9), o presidente Jair Bolsonaro se referiu à produção de alimentos no Brasil, durante a Assembleia Geral da ONU. A abordagem foi um dos pontos mais importantes e menos comentados.
"No Brasil, apesar da crise mundial, a produção rural não parou. O homem do campo trabalhou como nunca, produziu, como sempre, alimentos para mais de 1 bilhão de pessoas. O Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado", afirmou o presidente. "Garantimos a segurança alimentar a um sexto da população mundial (…) O Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos."
Entretanto, a fala se choca com dados divulgados, menos de uma semana antes da fala do presidente, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo os dados, 10,3 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar grave. Em outras palavras, essa multidão, que inclui crianças, literalmente passa fome no Brasil. A conta não inclui pessoas em situação de rua.
A pesquisa, que se refere aos anos de 2017 e 2018, também aponta que o total de pessoas com alimentação em quantidade suficiente e satisfatória no Brasil é o mais baixo dos últimos 15 anos. O total de brasileiros que passam fome cresceu, segundo o órgão, em 3 milhões de pessoas em cinco anos.
Ademais, diferentemente do que o presidente Jair Bolsonaro afirmou, o Brasil não é o primeiro, mas o terceiro maior produtor de alimentos do planeta — com mais de 240 milhões de toneladas no ano passado, ficando atrás apenas da China e dos EUA.