Durante a reunião do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com governadores na manhã desta terça-feira (8) o representante de São Paulo, João Doria (PSDB) cobrou uma posição de Pazuello sobre a compra da Coronavac. O imunizante desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, ainda aguarda liberação da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa).
Ao ser questionado, Pazuello afirmou que não descarta a compra, mas que o negócio só será fechado após o registro do produto pela Anvisa, caso haja demanda. O ministro ainda disse que o preço do produto também será considerado.
Na reunião, feita por videoconferência Doria ainda chegou a dizer que o governo cobra o registro da Coronavac, mas que fez um grande investimento no imunizante desenvolvido pela Universidade Oxford com o laboratório AstraZeneca e para ingressar no consórcio Covax Facility.
Os valores são R$ 1,2 bilhão no imunizante e cerca de R$ 800 milhões do consórcio, em que tanto a vacina de Oxford como os imunizantes que integram o consórcio não têm registro na Anvisa, um ponto que foi questionado pelo governador durante o encontro.
Segundo Doria, Pazuello prometeu a compra de 46 milhões de doses da Coronavac em outubro, mas foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e descompriu o combinado. "Infelizmente o presidente desautorizou o senhor, foi deselegante. Em menos de 24h, impediu que a sua palavra fosse impedida perante os governadores", disse o governador de São Paulo durante a reunião.
Em resposta, Pazuello disse que o investimento na Covax Facility é para o desenvolvimento de vacinas. De acordo com o ministro as doses só serão compradas, por meio do consórcio, após o registro na Anvisa. Pazuello ainda ressaltou Coronavac não é do governo paulista, mas do Butantã, se referindo ao posicionamento de Doria.
Na mesma reunião o ministro e o governador já haviam tido desavenças, quando Pazuello pediu que Doria respeitasse a ordem de fala e esperasse a manifestação de outros governadores.
Sobre a compra das doses da Coronavac, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também lembrou da promessa de Pazuello e questionou o recuo do ministro em meio ao posicionamento de Bolsonaro. "Se a Coronavac for aprovada, a compra será mantida?", questionou Dino. Então novamente Pazuello repetiu que a compra depende do registro, preço e demanda.