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Novos áudios: padre Robson conversa com dois advogados sobre suposta propina de R$ 1,5 milhão

Uma nova gravação mostra uma conversa entre o padre Robson de Oliveira e dois advogados sobre o suposto pagamento de propina no valor de R$ 1,5 milhão. As investigações apontam que o dinheiro seria destinado a desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), pagamento esse que seria feito em troca de uma decisão favorável no inquérito sobre a fazenda comprada pela Afipe.

Nos áudios, gravados pelo próprio padre Robson, foram identificadas a participação do advogado Cláudio Pinho e Anderson Reiner, então diretor jurídico da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) .

Ao G1, a Presidência do Tribunal de Justiça disse que não há "indícios de eventual conduta inadequada de magistrados para regular apuração do processo". Quanto aos áudios, o TJ afirmou que "não se pode presumir a ocorrência de irregularidades no julgamento de processos a partir de conversa mantida entre advogado e cliente".

Em nota, a defesa do padre Robson afirma que o material original e verdadeiro não foi exibido já que é mantido em segredo de Justiça. “As suposições são construções fantasiosas para tentar constranger pessoas, já que não se sustentam juridicamente nem sequer foram judicializadas nem representam qualquer ato ilegal”, diz o comunicado.

A Afipe informou que "desconhecia os fatos" e ressaltou que o ex-presidente não tem contato com a nova diretoria do Santuário de Trindade, na qual o cargo foi ocupado, em setembro de 2020, pelo padre João Paulo Santos de Souza, afirmou em nota.

Padre Robson está afastado das funções na igreja após uma polêmica envolvendo desvio de dinheiro de fiéis doados à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. O caso estava sendo investigado mas o processo foi interrompido por decisão judicial. No entanto, o Ministério Público recorreu ao Superior Tribunal de Justiça.

A conversa

Houve um erro na hora de descrever o tamanho da terra, o que levou o padre a perder um processo em primeira instância, no qual precisou pagar R$ 15 milhões. A defesa resolveu recorrer ao TJ, para garantir a vitória, o padre concordou com a proposta dos advogados de pagar propina para a sentença ser favorável a eles.

Na conversa, Cláudio Pinho fala que precisa de um elemento de negociação para eventualmente subcontratar apoios no Tribunal de Justiça. "É assim que funciona, eventualmente você tem que conversar com um desembargador, identificar quais são os sub-apoios e isso eles olham muito, o tipo de contratação que você tem", afirma o advogado.

A decisão foi favorável ao padre e não foi mais preciso pagar os R$ 15 milhões. Porém, Cláudio Pinho afirma que está sendo cobrado pelo valor, momento em que Anderson Reiner o interrompe e afirma: “Vamos ser bem mais claros, ele está dizendo que para ganhar lá, no tribunal, ele comprou pessoas”, disse o diretor da Afipe.

Questionado sobre o valor, Cláudio Pinho diz que R$ 750 mil já foi comprometido e precisa receber a outra metade. "Só para o senhor ter noção, dos três desembargadores, R$ 500 [mil] para um e o resto é dividido para dois", explica ele ressaltando que o restante é destinado para dois desembargadores.

Ainda durante a conversa, o padre Robson diz que está sem dinheiro para pagar o valor combinado e pede para que o valor seja renegociado. Então Cláudio Pinho afirma que conseguiu algo no TJ, porém ressalta que os valores combinados precisam ser pagos pelo padre.

As gravações foram encontradas após a Operação Vendilhões, que cumpriu mandados de busca e apreensão em agosto de 2020, para apurar crimes como lavagem de dinheiro, apropriação indébita e falsidade ideológica nas "Afipes". Segundo as investigações, o material estava em celulares, computadores e HDs, que após perícia, os investigados foram identificados.

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