Como as florestas absorvem cerca de 30% dos gases de efeito estufa despejados na atmosfera. A Amazônia, é um ator essencial já que, é a maior floresta tropical do mundo.
Segundo o pesquisador Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), “Na bacia como um todo, não só no Brasil, a Amazônia guarda uma década de emissões globais de gases de efeito estufa na sua vegetação. Imagine você emitindo, ao longo dos anos, 10 anos de emissão global”, é muita coisa, e isso sem falar na perda da biodiversidade, culturas, e do ar condicionado do planeta, muito relacionado à absorção que a floresta faz do CO2. Ela age como um grande ar condicionado", afirma.
No entatanto a destruição da mata leva a mais emissões de CO2 e diminui a evapotranspiração, que “resfria" o ar.
"Se existe um ponto que podemos chamar de positivo de termos mais CO2 na atmosfera, é que isso estimula a vegetação a fazer mais fotossíntese. Se por um lado, estamos sujando mais a atmosfera, a natureza está tentando compensar o estrago que estamos fazendo retirando esse CO2”, afirma a pesquisadora Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INEP). "O problema é que o estrago que a humanidade está causando é tremendamente maior do que a pobrezinha da natureza está conseguindo compensar da sujeira que nós estamos fazendo no planeta”, completa.
Luciana faz uma alerta sobre o desequilíbrio acelerado do ciclo do carbono na região causado pelas mudanças climáticas, alta das queimadas e o desmatamento, desde 2014.
Temos essa região do lado leste da Amazônia, que está cerca de 30% desmatada, emitindo 10 vezes mais carbono do que a oeste, que é 11% desmatada. A nossa descoberta é até mais sombria do que a comunidade científica tem ciência. A Amazônia já é fonte de carbono – e eu não sei se isso é reversível”, lamenta a especialista em mudanças climáticas.
“A primeira medida, se quiséssemos resolver o problema, seria proibir totalmente queimadas a partir de agosto, quando começa a estação seca. Nós temos leis de proteção ambiental, Código Florestal, que não estão seguidas e estamos vendo as consequências disso. Eu gostaria de ver a CPI do meio ambiente, a CPI da Amazônia, do Pantanal", completa.
Segundo Paulo Moutinho, a única esperança para restaurar a capacidade de captação CO2 pela floresta é o fim do desmatamento.
"É preciso entender que isso pode ser o início de uma degradação, que precisa ser alertado. Podemos estar chegando mais rápido a um ponto sem retorno, o tiping point, não só pelo desmatamento, mas por uma degradação muito avançada em que você tem mortalidades de grandes árvores”, elas acabam morrendo emitindo muito, abrindo grandes clareiras, que facilitam a entrada do fogo. Num cenário inflamável e de mudança do clima amazônico, pode gerar, na região, uma situação muito diferente em termos de de vegetação do que a gente tem agora, afirma.
De acordo com Luciana Gatti , “A seca está mais seca, mais quente e mais prolongada. A estação chuvosa está sendo empurrada para frente. Estamos tendo os impactos negativos da mudança no clima, que nós estamos promovendo também, com o desmatamento. Jogamos mais CO2 na atmosfera e a condição de estresse da floresta está se intensificando”, isso leva a aumento da mortalidade das árvores e, sob estresse, várias árvores paralisam a fotossíntese e continuam respirando. Ou seja, mais emissão de CO2 do que absorção, explica.