Um possível impeachment do presidente Jair Bolsonaro começa a ser cogitado entre os parlamentares. Em entrevista para a BBC News Brasil, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), membro titular da CPI da Covid, declarou que, se houver confirmação de ilegalidades no contrato para compras da vacina Covaxin, acreditará na hipótese de uma saída do atual presidente.
Segundo ele, porém, a ação só poderia ser justificada em um “caso extremo” de corrupção. “O caso extremo seria, por exemplo, que nessa história da Covaxin chegássemos à conclusão que havia interesses escusos atrás disso e não haja explicação para o assunto.
Aí não tem jeito, porque simplesmente se negou à população brasileira uma vacina (a Pfizer) que teria salvo vidas e vidas em função de um interesse escuso (privilegiando a Covaxin)”, declarou o senador.
Mesmo abrindo a possibilidade de um impeachment, o senador apontou que não vê o momento propício para a mudança na Presidência.
''Acho que o presidente tem ainda uma base de apoiadores grande, o impeachment é um processo demoradíssimo, complicado, tem uma fase de transição, em que o vice-presidente da República assume provisoriamente, e seria muito ruim se isso acontecesse agora ainda em p lena pandemia. Não seria bom para o país. O melhor é que a mudança de presidente seja feita pelo voto nas próximas eleições do ano que vem'', opinou Jereissati.
Tasso ainda declarou que a CPI vai avaliar a quebra de sigilo fiscal e bancário das empresas envolvidas no caso. Vale lembrar que o governo brasileiro pagou cerca de 15 dólares por dose da Covaxin, o equivalente a R$ 80,70, na cotação da época.
A compra teria sido executada antes mesmo de firmar contrato para compra de vacinas da Pfizer, que custavam 10 dólares e que vinham sendo oferecidas ao Brasil desde 2020.