Uma interna de uma clínica de repouso em Crato, no Sul do Ceará, escreveu um bilhete denunciando estar sendo violentada e pedindo socorro a uma de suas irmãs.
"Diga à *** [irmã da vítima] que estou sofrendo abuso sexual. Manda ela vir me tirar. Manda ela fingir que não tenho nada. Para mim poder sair . Sou eu e minha amiga que 'está ' sofrendo. Urgente. Me tire daqui. Manda ela pegar o dinheiro. Depois eu pago a ela, vem logo por favor ", escreveu a vítima.
A Polícia Civil foi ao local na manhã de quinta-feira, 12, para prender o diretor da clínica, Fábio Luna dos Santos, 35 anos, por crime sexual e encontrou outras 33 mulheres que eram mantidas aprisionadas em celas em condições sub-humanas.
O suspeito também foi autuado em flagrante por cárcere privado e maus-tratos, além de ser suspeito de desviar o dinheiro das internas.
De acordo com a titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) na cidade, Camila Brito, uma das mulheres pediu ao diretor da clínica para falar com a irmã e entregou o bilhete, secretamente. Familiares da vítima mostraram o bilhete à delegada e a partir dele, deram início as investigações.
"De imediato, nós orientamos que essas irmãs retirassem a vítima dessa casa, porque são familiares, então têm todo o direito de tirar a irmã de lá", afirmou a delegada. Após a saída da mulher da clínica, ela prestou depoimento, o qual foi importante para que a Polícia Civil pedisse a prisão preventiva de Fábio Luna", afirma Camila.
Com o depoimento em mãos, a Polícia Civil pediu a prisão preventiva do diretor da clínica. Segundo Camila, ao chegar no local, a equipe policial ficou "consternada" com a situação.
"O local não tinha nenhuma condição física de estar com aquelas 33 mulheres ali. Eram quartinhos parecidos com celas, minúsculos, cubículos. E elas ficavam trancadas de cadeado. O local era fétido, tinha mau-cheiro, não tinha ventilação, havia restos de comida dentro de baldes espalhados, cinco cachorros de médio porte, porcos. Realmente, uma situação lamentável que deixou toda a equipe consternada", disse a delegada.
Segundo Camila, com relação aos crimes de cárcere privado e maus-tratos, o suspeito disse que "o local era apropriado para elas porque elas tinham problemas psicológicos e tinham que ficar presas".
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