Um homem afirma ter sido vítima de racismo após ser acusado de furtar uma mochila que comprou na loja Zara na Bahia, na última terça-feira, 28.
"Fui na loja da Zara procurar a mochila que eu queria, porque a minha estava velha. Conversei com o atendente, que foi muito cordial, e conseguimos encontrar a mochila por meio do código do produto, no aplicativo. Eu então deixei a mochila no caixa e saí da loja para sacar o dinheiro. Depois retornei para pagar pela mochila e saí com minha compra, com o comprovante de pagamento", afirma Luís Fernandes Júnior.
O homem relata que depois de pagar pela mochila, deixou o troco no caixa e foi ao banheiro, que fica próximo à saída de acesso à estação do metrô da rodoviária.
"Quando o rapaz [do caixa] ia me dar o troco, que era R$ 1, eu pedi só a nota fiscal porque estava com pressa. Ia perder o carro para casa e o prejuízo seria maior do que R$ 1. Eu então entrei no banheiro que fica perto da saída do metrô. Quando estava de pé, urinando, o segurança entrou e começou a gritar comigo".
"Ele ficou atrás de mim. De início, eu não liguei porque não tinha ideia de que seria comigo aquilo. Aí ele chegou perto de mim e falou: 'eu quero que você devolva agora a mochila que você roubou na loja da Zara'. Eu respondi que tinha comprado a mochila e ainda falei que tinha o comprovante, mas ele não quis ouvir e insistiu para que eu devolvesse".
O segurança, que não teve identidade divulgada, tomou a mochila da mão de Luís e saiu pelo corredor.
"Eu fiquei muito nervoso e saí discutindo pelo corredor atrás dele. Quando chegamos de volta na loja, procurei o rapaz que me atendeu e perguntei a ele de quem era a mochila. O atendente respondeu que era minha, que eu havia comprado. Aí ele ficou sem jeito", afirma.
"Me senti humilhado por ser negro. Foi como se ele tivesse me matado e me deixado na rua, de qualquer jeito. Doeu muito. E em nenhum momento eles pediram desculpas. Eu cheguei em casa arrasado, com uma dor de cabeça intensa".
Em nota, a Zara informou que está apurando os detalhes do que aconteceu e que afastou uma funcionária da loja. A empresa não detalhou a participação desta funcionária no caso. Disse ainda que lamenta o episódio, "que não reflete os valores da companhia".
Segundo o Shopping da Bahia, o segurança foi chamado por representantes da loja, para buscar o cliente. O centro de compras reconheceu que essa atitude não deveria ter sido atendida, porque descumpre as determinações de regulamento do shopping e que não compactua com qualquer ato discriminatório, e que "incluirá as imagens deste fato nos treinamentos internos para evitar que se repitam".
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