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Abin beneficiou filhos Bolsonaro

Polícia Federal investiga um suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro

Imagem ilustrativa da imagem Abin beneficiou filhos Bolsonaro

O software First Mile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, foi usado pela Abin para monitorar a localização de milhares de celulares anualmente, sem autorização judicial. Essa ferramenta de geolocalização permite rastrear o paradeiro de pessoas em tempo real, criar históricos de deslocamento e gerar alertas de movimentação, apenas com o número do telefone alvo.

Investigações da Polícia Federal apontam que o sistema teria sido utilizado de forma invasiva na infraestrutura de telefonia brasileira, levantando questionamentos sobre a legalidade de seu uso pela Abin, que não é um órgão investigativo. Embora a aquisição da ferramenta tenha ocorrido em dezembro de 2018, seu uso teria se estendido até maio de 2021, período em que Alexandre Ramagem, aliado de Bolsonaro, estava à frente da agência.

PF descobriu que a Abin supostamente utilizou o First Mile para beneficiar diretamente os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. O relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal indica que Carlos Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro teriam sido favorecidos pelo esquema ilegal. No caso de Carlos, a rede paralela teria entrado em ação após o senador Alessandro Vieira propor uma investigação contra ele.Além disso, o sistema também teria sido empregado para obter informações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.

A Polícia Federal deu início à quarta fase da Operação Última Milha, investigando o uso indevido de sistemas da Abin para monitorar autoridades públicas e opositores políticos do ex-presidente Bolsonaro. A operação cumpriu mandados judiciais em diversas cidades brasileiras, revelando que o grupo criminoso teria acessado ilegalmente computadores e infraestruturas de telecomunicações, além de criar perfis falsos para disseminar desinformação.

As investigações também identificaram conversas entre os suspeitos que sugerem conhecimento prévio da "minuta do golpe", um decreto golpista encontrado na residência do ex-ministro Anderson Torres. A PF também trabalha com a possibilidade de que integrantes do esquema tenham tentado extorquir pessoas monitoradas ilegalmente. Essas revelações levantam sérias preocupações sobre o uso indevido de recursos de inteligência do Estado para fins políticos e pessoais, colocando em xeque a integridade das instituições de segurança nacional e a privacidade dos cidadãos brasileiros.

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