Agência Espacial Europeia lança missão para investigar ondas gravitacionais
Diário da Manhã
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 02:05 | Atualizado há 9 anosRIO – A Agência Espacial Europeia (ESA) lançou com sucesso na madrugada desta quinta-feira uma missão para testar tecnologias com o objetivo de detectar ondas gravitacionais, um dos únicos fenômenos previstos pela Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein – cuja publicação acaba de completar cem anos – que ainda não foi observado diretamente pelos cientistas. Batizado LISA Pathfinder (LPF), o satélite carrega dois pequenos cubos idênticos de platina e ouro separados por 38 centímetros cuja posição relativa será constantemente monitorada por um interferômetro laser com uma precisão de 10 picômetros (um centésimo de milionésimo de milímetro). Com as duas massas isoladas de qualquer forças internas ou externas, com exceção da gravidade, mudanças nesta posição relativa podem ser indicativos de alterações na estrutura do espaço-tempo causadas pela passagem de ondas gravitacionais.
– O LISA Pathfinder colocará estas massas de teste na mais perfeita queda livre já produzida no espaço e monitorar suas posições relativas com uma precisão inédita – conta Karsten Danzmann, diretor do Instituto Albert Einstein, professor da Leibniz Universität Hannover e um dos principais cientistas responsáveis pela missão. – Isso vai estabelecer as fundações para os futuros observatórios de ondas gravitacionais no espaço, como o eLISA.
No momento, o LPF está em uma órbita elíptica em torno da Terra, chegando a cerca de 200 km de altitude no perigeu e 1,5 mil km no apogeu. A partir do domingo, uma série de manobras vai elevar ainda mais sua órbita até que o satélite saia da vizinhança imediata de nosso planeta e inicie trajetória rumo ao chamado ponto Lagrange 1 (L1), região do espaço a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra onde a gravidade de nosso planeta e do Sol estão em equilíbrio, permitindo que ele mantenha uma posição estável, onde deverá chegar em 13 de fevereiro do ano que vem.
No caminho ao ponto L1, as duas massas de teste serão soltas dos mecanismos que as mantiveram no lugar durante o lançamento e saída da vizinhança terrestre e, uma vez lá, elas serão libertas totalmente, não mantendo mais nenhum contato mecânico com o satélite.
– Esta missão é um grande passo rumo a detectores de ondas gravitacionais no espaço – acrescenta Danzmann. – Cerca de 96% do Universo não podem ser observados com os atuais métodos astronômicos e futuras missões para detecção de ondas gravitacionais no espaço geradas, por exemplo, por sistemas binários de buracos negros, vão abrir uma nova janela para nosso Universo por meio da astronomia gravitacional.