O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que tomará medidas legais contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após declarações do titular da pasta sobre a crise envolvendo a ampliação da fiscalização da Receita Federal sobre transações via Pix. Durante entrevista a jornalistas, no aeroporto de Brasília, ao acompanhar a esposa Michelle Bolsonaro para embarque rumo à posse de Donald Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro manifestou que planeja processar Haddad. “Vou processar o Haddad. Ele não tem o que fazer, sempre me acusa de alguma coisa”, afirmou.
Na ocasião, o ex-presidente também se referiu a declarações feitas por Haddad, que mencionaram a compra de 101 imóveis sem origem de recursos claros, associando a suposta transação a familiares de Bolsonaro. “[Haddad] Falou inclusive que eu comprei 101 imóveis sem origem de dinheiro. Pegou meia dúzia de familiares meus do Vale do Ribeira. O que essa meia dúzia de Bolsonaro de 1990 para cá e está pago em moeda nacional corrente. Natural. Naquela época comprava até telefone em dólar”, completou Bolsonaro.
Além disso, Bolsonaro fez uma comparação entre Haddad e seu ex-ministro da Fazenda, Paulo Guedes. E disse que o governo Lula não pode dar certo, comparando a gestão a um “bebum dirigindo um carro”.
As declarações de Bolsonaro foram em resposta a uma entrevista concedida por Fernando Haddad à CNN na qual o ministro afirmou que a família Bolsonaro tem sido alvo de investigação da Receita Federal e sugeriu que o ex-presidente estaria envolvido na crise do Pix. Haddad declarou: “Tenho para mim que o Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do Nikolas. O Duda Lima foi quem fez o vídeo”, referindo-se ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e ao marqueteiro responsável pela campanha de reeleição de Bolsonaro.
A polêmica teve início após a publicação de um vídeo por Nikolas Ferreira, na terça-feira (14), que criticava o governo sobre a questão do Pix, afirmando que o governo “só está pensando em arrecadar, sem oferecer nada” e mencionando a “quebra de sigilo mascarada de transparência”. O vídeo gerou uma grande repercussão, ultrapassando 300 milhões de visualizações, e foi considerado um dos principais fatores para o recuo do governo em relação à medida. Apesar de Haddad ter defendido a medida até a manhã de quarta-feira (15), ele reconheceu, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que uma campanha publicitária já não seria suficiente para conter as críticas, fake news e a prática de crimes contra a economia popular associados a golpes financeiros.