
Em 31 de dezembro de 2019, a cidade de Wuhan, na China, notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre casos de pneumonia de origem desconhecida. Duas semanas depois, foi identificado um novo coronavírus, denominado Covid-19, que daria início à pior pandemia desde a gripe espanhola.
Com mais de 7 milhões de mortes confirmadas globalmente em cinco anos, o Brasil destacou-se como o segundo país com mais mortes acumuladas, totalizando 714 mil vítimas, atrás apenas dos Estados Unidos, que registraram 1,2 milhão de óbitos.
A taxa de mortalidade no Brasil é de 3.399 mortes por milhão de habitantes, colocando o país como o 20º no ranking global proporcional, apesar de ter a segunda maior quantidade de mortes absolutas. O Peru lidera em termos proporcionais, com 220 mil mortes acumuladas e a maior taxa de mortes por milhão de habitantes.
Especialistas atribuem a alta mortalidade brasileira a falhas na adoção de medidas preventivas, como o uso de máscaras e o isolamento social. Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, aponta que o negacionismo influenciou diretamente as políticas públicas e comportamentos da população.
A vacinação desempenhou um papel central na contenção da pandemia, com 87% da população brasileira recebendo ao menos uma dose do imunizante. No entanto, a disseminação de desinformação impactou a confiança na imunização, com 29% dos brasileiros declarando algum nível de receio em relação às vacinas, de acordo com uma pesquisa do Instituto Ipsos.
Além disso, especialistas alertam para o risco de esquecimento da pandemia. Não há no Brasil um dia oficial de homenagem às vítimas, o que, segundo a professora Deisy Ventura, da USP, dificulta o aprendizado histórico e o combate a narrativas falsas sobre o período.
Embora o Ministério da Saúde afirme estar implementando melhorias na vigilância e preparação para emergências, o plano estratégico definitivo para lidar com pandemias futuras só deve ser concluído em 2025. Especialistas defendem a criação de legislações permanentes que garantam respostas rápidas e eficazes, independentemente de mudanças políticas.
Internacionalmente, a busca por um acordo global sobre prevenção de pandemias ainda enfrenta desafios. A retomada das negociações está prevista para 2025, mas incertezas políticas, como a possível gestão de Donald Trump nos Estados Unidos, adicionam complexidade ao processo.