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De 'Pipa do Vovô' a 'hino' do Corinthians, Silvio Santos fez história

a trajetória musical de Silvio Santos teve famosas marchinhas carnavalescas

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O gosto por piadas e trocadilhos de cunho sexual pode ter se intensificado com o Silvio Santos da terceira idade na televisão, mas, bem antes disso, o apresentador, falecido aos 93 anos neste sábado (17), já fazia o público rir ao cantar que "a pipa do vovô não subia mais".

A música "A Pipa do Vovô" foi um sucesso na década de 1980, com o refrão "a pipa do vovô não sobe mais, apesar de fazer muita força, o vovô foi passado pra trás". Essa marchinha carnavalesca, assim como outras que marcaram a carreira musical de Silvio, hoje seria considerada politicamente incorreta.

Em um vídeo disponível no YouTube, o apresentador aparece em um evento de 1976, durante a ditadura militar, cantando com um sorriso maroto: "É Severina, é Gabriela, eu tô de olho é na butique dela. Hoje, vou me acabar, não adianta dar chilique. Depois eu vou fazer bilu-bilu na sua butique".

"Severina e Gabriela", escrita por Albert Gomes e Tião da Vila Prudente, faz parte do LP "Carnaval, Amor & Fantasia", de 1976. Além dessa, Silvio Santos gravou outras 16 coletâneas carnavalescas, lançadas entre as décadas de 1960 e 1980, conforme o Instituto Memória Musical Brasileira.

Em um álbum de 1968 destinado a estrangeiros, "Biggest Brazilian Hits Carnival for Tourists", Silvio canta "Marcha da Solteirona", de Julio Carlos, Domingos Paulo e Nascim Filho: "já faz muito tempo que ela namora, mas não casou até agora".

Além das coletâneas, Silvio lançou 13 compactos entre as décadas de 1960 e 1990. Os LPs foram dois: "Silvio Santos e Suas Colegas de Trabalho", de 1974, e "Show de Alegria", de 1975.

Sua estreia ocorreu em "Carnaval Copa 66", de 1965, com a música "Índio quer Dançar", de Manoel Ferreira e Gentil Júnior. Naquela época, fantasiar-se de indígena não suscitava debates sobre desrespeito aos povos originários, e Silvio cantava: "Ei, moçada, índio chegou, quer dançar/ o cacique entra na roda, e o pajé no pá pá pá/ vai começar o festim, estou de flecha na mão/ mulher que não olha pra mim vai entrar no caldeirão".

Silvio Santos também mostrou seu lado romântico e familiar em suas melodias. Em "Eternos Namorados", de Oswaldo Cruz e Rogê, ele cantava: "namorados passeando, braços dados, vão se amando". E em "Mãezinha Querida", de Getúlio Macedo e Lourival Faissal, ele demonstrava seu carinho filial: "minha mãezinha querida, mãezinha do coração".

Como bom genro, interpretou "Eu Gosto da Minha Sogra", com o refrão "eu gosto da minha sogra, deixa falar quem quiser/ é minha segunda mãe, é mãe de minha mulher", escrita por Manoel Ferreira e Ruth Amaral, os mesmos autores de "A Pipa do Vovô".

O casal Ferreira e Amaral compôs mais de 200 marchinhas, das quais cerca de 40 se tornaram sucessos na voz de Silvio Santos. Entre elas, destaca-se "Transplante de Corintiano", em que Silvio canta "doutor, eu não me engano, meu coração é corintiano". Lançada em 1968, a música virou um hino da torcida do Corinthians, difícil de resistir até para os adversários.

De olho na popularidade do clube alvinegro, Silvio também gravou "Samba do Corinthians", de Manoel Ferreira e Gentil Junior: "depois de amanhã é domingo, tomara que seja um domingo de sol/ à tarde vou ver o Corinthians ensinar essa gente a jogar futebol".

Brincalhão, bom moço, corintiano e polêmico. Essas características vieram à tona com seu maior sucesso musical, "Silvio Santos Vem Aí", que posteriormente se tornou o centro de um processo judicial por falta de pagamento de direitos autorais, com Silvio sendo condenado em 2010 a indenizar o compositor da música.

Em 1965, na Rádio Nacional de São Paulo, Silvio encomendou a Archimedes Messina uma música para a abertura de seu programa. Ele queria "algo simples, para pegar". O compositor foi preciso: "Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar. Silvio Santos vem aí, lá, lá, lá, lá, lá, lá".

Essa canção se tornou a marca registrada de Silvio como animador no rádio, virou marchinha de Carnaval e acompanhou o apresentador por toda sua carreira televisiva, tornando-se uma das mais icônicas músicas da história da televisão brasileira e trilha sonora indispensável dos domingos.

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