O Dia Nacional dos Idosos, celebrado neste dia 1º de outubro, é uma data que nos convida à reflexão sobre a condição dos idosos na sociedade brasileira. Questões que envolvem a saúde, convívio familiar, abandono, sexualidade e aposentadoria vêm à tona neste momento de celebração e reflexão.
Em 2003, o Estatuto do Idoso representou um grande marco na proteção e garantia de direitos para essa parcela da população, que frequentemente é vítima de maus-tratos e abusos em diversas formas.
O envelhecimento é um fenômeno natural que atinge todos os seres vivos, mas, no Brasil, o aumento da expectativa de vida, agora acima dos 71 anos, apresenta desafios significativos para a sociedade. É fundamental que encontremos maneiras de oferecer um amparo adequado aos idosos.
A composição da população mundial passou por transformações marcantes nas últimas décadas. Entre 1950 e 2010, a expectativa de vida global aumentou de 46 para 68 anos. Atualmente, existem mais de 703 milhões de pessoas com 65 anos ou mais em todo o mundo. Projeções indicam que, nas próximas três décadas, esse número mais que dobrará, superando 1,5 bilhão em 2050, com maior crescimento nos países menos desenvolvidos, onde a população idosa pode passar de 37 milhões em 2019 para 120 milhões em 2050.
No Brasil, os idosos já representam 14,3% da população, com um aumento notável de 29,5% em menos de 10 anos. Estima-se que até 2060 esse número alcance 58,2 milhões, uma clara evidência de que o país está envelhecendo. Para lidar com esse cenário, é imperativo repensar nossos sistemas de previdência e saúde, bem como combater estereótipos e preconceitos relacionados ao envelhecimento.
Envelhecer com qualidade é um desafio no Brasil, onde ainda enfrentamos a carência de políticas públicas voltadas para a terceira idade, casos de violência contra os idosos e a falta de acessibilidade em espaços públicos.
Diferentemente de culturas asiáticas, onde a velhice é associada à sabedoria e experiência, no Brasil, os idosos frequentemente sofrem com o preconceito relacionado à idade, além de serem desrespeitados em atividades cotidianas, seja numa fila preferencial ou em uma vaga de estacionamento.
A lista de desafios enfrentados pelos idosos no Brasil é extensa, onde o desafio de envelhecer é agravado pela falta de políticas públicas adequadas para atender à crescente população idosa. Muitos idosos enfrentam dificuldades financeiras para suprir suas necessidades básicas, enquanto outros sofrem com o abandono familiar quando os filhos saem de casa. A violência contra idosos, seja física, psicológica ou financeira, também é uma realidade.
A falta de acessibilidade em espaços públicos limita a participação social dos idosos, enquanto problemas de saúde são agravados pela falta de atendimento médico adequado. Além disso, a persistência de estereótipos negativos sobre a velhice afeta a autoestima e a qualidade de vida dos idosos.
Nesse contexto, políticas públicas efetivas são fundamentais. O conceito de "envelhecimento ativo" deve ser promovido, buscando otimizar oportunidades de saúde, participação e segurança para uma qualidade de vida aprimorada na terceira idade.
Outro ponto de atenção reside nas desigualdades socioeconômicas que afetam a população idosa, com baixos níveis educacionais e a aposentadoria como principal fonte de renda. Proteger a vida e a saúde dos idosos, especialmente aqueles privados de liberdade, é uma responsabilidade que não pode ser negligenciada.
Cuidar dos idosos também envolve cuidar dos cuidadores, já que muitas vezes os familiares desempenham um papel crucial. A tensão do papel de cuidador é uma realidade que merece atenção, assim como o apoio social para combater a depressão, uma doença comum entre os idosos.
O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) é uma referência importante para garantir direitos e qualidade de vida aos idosos no Brasil. No entanto, é essencial que as políticas públicas voltadas para a terceira idade sejam implementadas de maneira eficaz, superando desafios estruturais e reduzindo a judicialização da saúde e da assistência social.
Para uma sociedade mais justa e respeitosa com seus idosos, é necessário promover a educação sobre as necessidades dessa parcela da população, incentivar a solidariedade intergeracional e assegurar o acesso aos direitos sociais, benefícios e programas de saúde e educação. A conscientização sobre a violência contra os idosos também desempenha um papel vital na proteção dessa população.
Envelhecer não é uma escolha, mas sim uma etapa inevitável do ciclo de vida humano. Portanto, é responsabilidade de toda a sociedade brasileira garantir que os idosos desfrutem de uma vida digna e saudável, aceitando e respeitando as mudanças naturais que acompanham o envelhecimento.