Governo do Rio de Janeiro nomeará um observador para supervisionar decisões operacionais e financeiras da Supervia durante o período de transição do contrato de trens urbanos na capital e Região Metropolitana. O governador Cláudio Castro assinou, na terça-feira, 26 de novembro, um acordo com a concessionária, que ainda precisa de homologação judicial.
A assinatura ocorreu no Palácio Guanabara, com presença de Cláudio Castro, do procurador-geral Renan Saad e do secretário de Transporte e Mobilidade Urbana, Washington Reis. O termo lista compromissos do governo estadual e da concessionária e deve ser analisado pela Justiça em até uma semana.
A malha ferroviária do Rio conta com 270 quilômetros, cinco ramais, três extensões e 104 estações, transportando cerca de 300 mil pessoas diariamente. Após a homologação, a transição terá duração inicial de seis a nove meses até uma nova concessão. Durante esse período, a Supervia seguirá operando sob supervisão estadual. Cláudio Castro reconheceu que o serviço está abaixo do esperado e descreveu o processo como um momento de reorganização.
Washington Reis destacou que, com a transição, o governo retomará parte do controle sobre o transporte e poderá focar em melhorias estruturais, como estações, escadas rolantes, muros e passarelas em áreas dominadas pelo tráfico.
Tarifa e investimentos
Castro garantiu que não haverá aumento de tarifas no período, e benefícios como as tarifas sociais serão mantidos. Segundo o secretário Reis, existe um projeto de tarifa única para modais geridos pelo governo, mas sem prazo definido.
O projeto de transição prevê R$ 450 milhões em investimentos, dos quais R$ 300 milhões virão do governo estadual, com recursos já aplicados do tesouro estadual e do fundo soberano. Os outros R$ 150 milhões serão custeados pela Supervia.
Segurança
Entre as medidas iniciais, será criado um "Batalhão do Trem", destacamento da Polícia Militar voltado à segurança das estações. Policiais atuarão armados, mas a quantidade de agentes e a distribuição deles ainda serão definidas após discussões com o comando da PM.
Avaliação técnica e dificuldades financeiras
A Supervia manifestou interesse em devolver a concessão devido a dificuldades financeiras. Para preparar a sucessão, o estado contratou, em novembro, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para avaliar o sistema ferroviário. A consultoria, que custará R$ 2,4 milhões, elaborará estudos técnicos e custos de operação e manutenção para um futuro edital de licitação.
Problemas no ramal Belford Roxo
O ramal Belford Roxo enfrentou instabilidades pelo segundo dia consecutivo na terça-feira, 26 de novembro, devido ao furto de 1,2 km de cabos próximo à estação Barros Filho. Até 6h40, os trens seguiram com viagens diretas entre Belford Roxo e Central do Brasil. Após esse horário, os passageiros precisaram fazer transferência na estação Mercadão de Madureira.
A Supervia informou que não há previsão para normalizar o serviço, pois a região enfrenta insegurança constante, incluindo tiroteios entre traficantes.