Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou que o traficante Marcelo Fernando Pinheiro da Veiga, o Marcelo Piloto, vá a júri popular pelo assassinato de Lidia Meza Burgos, ocorrido em 2018 no Paraguai.
Piloto é acusado de homicídio quadruplamente qualificado, incluindo motivo fútil, meio cruel, dissimulação e intenção de assegurar a impunidade de crimes cometidos no Brasil. Atualmente, ele cumpre pena no presídio federal de Porto Velho, em Rondônia.
O crime foi cometido em 17 de novembro de 2018, dentro da cela onde Piloto estava detido em um quartel da Polícia Nacional do Paraguai, destinado a presos de alta periculosidade. A vítima, Lidia Meza Burgos, de 18 anos, foi esfaqueada 53 vezes e encontrada com uma faca cravada no pescoço. De acordo com as investigações, Piloto teria planejado o ataque após uma relação íntima com a jovem, que foi atacada de surpresa. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) afirma que Lidia, além de desprevenida, não tinha condições físicas de reagir ao ataque.
MPF sustenta que Piloto cometeu o assassinato com o objetivo de atrasar sua extradição e evitar as condenações e processos que enfrenta no Brasil. Acreditava que um julgamento no Paraguai prolongaria sua permanência no país. Uma enfermeira que prestou os primeiros socorros à jovem relatou à Justiça que, ao questioná-lo sobre o crime, Piloto respondeu que estava tranquilo, pois, já havia acontecido. Um oficial da Polícia Nacional paraguaia também testemunhou que Piloto confessou o crime logo após o ocorrido. O delegado da Polícia Federal Fábio Galvão, que atuava na inteligência da Secretaria de Segurança do Rio, afirmou que Piloto preferia permanecer no Paraguai, onde acreditava que teria mais chances de fuga.
Marcelo Piloto foi extraditado para o Brasil após 11 meses preso no Paraguai, em novembro de 2018, e desde então está em presídios federais de segurança máxima.
Histórico Criminal de Marcelo Piloto
Marcelo Piloto foi preso no Paraguai em 2017, após uma década foragido das autoridades brasileiras. No início de sua trajetória criminal, atuava como motorista em assaltos na Zona Norte do Rio de Janeiro, o que lhe deu o apelido de "Piloto". Posteriormente, entrou para o tráfico de drogas e assumiu o controle de pontos de venda na favela de Manguinhos. Em 2012, participou do resgate de um comparsa, ação que resultou em sua condenação a cinco anos de prisão. Durante o período em que esteve foragido, tornou-se fornecedor de armas e drogas para o Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do Brasil.
Posição da Defesa
A advogada de Marcelo Piloto, Flávia Fróes, afirmou que recorrerá da decisão, alegando que a acusação cometeu “excesso acusatório” ao incluir qualificadoras indevidas no processo e que a decisão será questionada.