Brasil

Medo de FALAR em público ou FALHAR em público?

Elias Silva

Publicado em 12 de abril de 2023 às 12:39 | Atualizado há 2 anos

Desde os
primeiros momentos que precisamos nos expor e apresentar aquele pequeno
trabalho na escola, ou me apresentar a um grupo pela primeira vez, e ainda
quando precisava explicar uma ideia nova para algumas pessoas experimentamos
aquele misto de sentimento: não sei de darei conta e se irão me compreender; e
se acharem feio como eu explicar? e ainda se eu me engasgar e a voz sumir?
Enfim, isto tudo nos leva a sentir um misto de sentimentos, inclusive sensações
físicas. Você já passou por algo parecido? E hoje ainda, na sua vida e
atividades atuais se percebe neste mesmo lugar? Precisamos falar sobre isso.

Nós desde que
nascemos buscamos uma outra pessoa, até mesmo para que possamos sobreviver e
aqui não só fisicamente, mas sim alguém que me valide e através do seu desejo
me mostre a validação de estar aqui. Desde a alimentação, cuidado com a saúde,
com o ensinar algo e até mesmo nos livrar da morte, somos constituídos com
estes outros que muito ou pouco nos deseja, mas claro, sempre da maneira que
eles conseguem. E vale destacar aqui, que nem sempre será suficiente, e nunca
será capaz de nos dar tudo que queremos, pois somos seres faltantes, como diz o
psicanalista Lacan.

Disto vem uma
ideia sobre a realidade da existência: se não formos bons ou agradáveis àquelas
primeiras relações afetivas, seja ela pai, mãe ou outra pessoa que assume este
papel, corremos um enorme risco de não ser amado, não ser desejado e medo de
ficar aqui neste mundo sozinho, sem nenhuma validação. E por isso, começamos
uma saga, quase que heroica, para agradar e corresponder em tudo às
expectativas daqueles outros que me cercam. E de fato, é heroica pois daí surge
o risco de esquecer quem de fato somos em detrimento aos desejos e fantasias de
ser o filho perfeito, o aluno perfeito, o neto perfeito, e por aí se vai
construindo estes papeis que tanto nos massacra.

E você já
percebeu que nesta jornada de corresponder ao ideal de qualidade (do outro) com
o objetivo, mesmo que inconsciente, de ser bom e agradar para não ser esquecido
e não amado vou me anulando e nem dando importância ao que de fato eu quero e
desejo. E o pior, já me antecipo em me anular e não fazer nada, e nem falar
nada, por que eu sei que não vão gostar de mim, e não vou ser amado.

O terrível e
paralisante medo de falhar em público vem desta certeza, inconsciente, de que
independente do que vou fazer e falar não gostarão de mim, e daí eu faço de
tudo para não me expor, e assim não mostrar quem eu sou.

Em outras
palavras, pode se carregar uma certeza perversa: ser eu é errado e feio!
Percebe que estamos falando aqui de afeto, e não somente o que parece quando
‘decido’ não falar em público ou me expressar, por pensar que estou errado ou
não saber o suficiente.

Você se percebe
repetindo este movimento de anulação de si mesmo em detrimento às vontades dos
outros? Se sim, precisa ter a coragem de se questionar à quem você tem medo de
desagradar? Ou ainda, como foram seus primeiros afetos, voltar olhar para o
passado e perceber que talvez ele não esteja tão no passado, mas continua se
atualizando em cada momento, trabalho, projetos e relações.

Enfim, se
permita! Me fale como tem sido sua jornada em buscar vive mais autentico e
livre, te aguardo lá no meu instagram eliassilva.psi

 

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias