Brasil

Mês do Orgulho: Justiça manda igreja excluir vídeo LGBTIfóbico

Gregory Rodrigues

Publicado em 15 de junho de 2023 às 17:22 | Atualizado há 2 anos

Em pleno
mês do Orgulho LGBTI+, a justiça do Distrito Federal determinou que a Igreja
Assembleia de Deus em Brasília procedesse a remoção de um vídeo com conteúdo
considerado LGBTIfóbico de suas redes sociais. O vídeo em questão se refere ao
trecho de uma palestra proferida pelo pastor norte americano, David Eldridge,
durante o Congresso Evangélico das Mocidades das Assembleias de Deus em
Brasília.

Durante
o evento que ocorreu no último dia 19 de fevereiro no Pavilhão de Exposições do
Parque da Cidade em Brasília, o pastor teria declarado com discurso fervoroso e
de forma taxativa que: “Todo homossexual tem uma reserva no inferno, toda
lésbica tem uma reserva no inferno, todo transgênero tem uma reserva no
inferno, todo bissexual tem uma reserva no inferno.”

A
decisão foi proferida pela juíza Lívia Lourenço Gonçalves da 4ª Vara Cível de
Taguatinga no último dia 02 de junho. No texto a magistrada argumenta que
embora a Constituição Federal garanta a liberdade de expressão e de manifestação
religiosa, o pleno exercício deste direito deve observar os limites que compõe
os direitos de outras pessoas e seguimentos, considerando seu bem-estar
psíquico e sua honra.

 



“Com efeito, malgrado a Constituição Federal garanta a liberdade de expressão e de manifestação religiosa, é inequívoco que o exercício do direito deve ser ponderado com outros direitos de semelhante relevância, tais como os relacionados à igualdade e à atributos da personalidade dos indivíduos, seu bem-estar psíquico, sua honra objetiva e subjetiva (atrelados à dignidade da pessoa humana), entre outros. Além disso, a Constituição também deva a discriminação baseada em orientação sexual.”


Juíza Lívia Lourenço Gonçalves

  

A juíza,
salienta ainda, que o discurso do religioso seria baseado em supostas
interpretações bíblicas que não refletiriam o que ela chama de “espírito cristão”,
e que sua propagação poderia fomentar atitudes discriminatórias e de violência por
parte de adeptos da religião contra a população LGBTI+

 



“Além disso, a divulgação de vídeos do evento contendo o suposto discurso de ódio contra comunidade específica, baseadas em supostas interpretações religiosas que em grande parte também não refletem o espírito cristão, podem em tese fomentar atitudes discriminatórias e de violência por parte dos fieis contra pessoas integrantes da comunidade LGBT+, o que não se admite!”


Juíza Lívia Lourenço Gonçalves

 

De
acordo com Toni Reis, Presidente da Associação Brasileira de Famílias
Homotransafetivas e da Aliança Nacional LGBTI+, organizações propositoras da
ação, é necessário que se garanta o direito a liberdade religiosa, mas que a
mesma não poderia ser utilizada como chancela para propagação de discursos de
ódio e fomento a violência.

Para a
Advogada, Dra. Amanda Souto Baliza, responsável pela peça que culminou na
concessão da tutela de urgência, existem pessoas que se valem do discurso de
ódio para provocar pânico moral na sociedade.

 



“pessoas que usam o discurso de ódio para gerar pânico moral na sociedade e obter proveito como fiéis, seguidores, dinheiro ou votos devem ser responsabilizadas, fico feliz com a decisão da Justiça e continuaremos firmes na luta contra a desinformação e o ódio “. finaliza


Dra. Amanda Souto Baliza

 

A
decisão ainda cabe recurso.


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