
O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia contra o influenciador Pablo Marçal (PRTB) devido ao episódio ocorrido em 2022, no qual ele conduziu um grupo de pessoas em um desafio no Pico dos Marins, localizado no interior do estado. Marçal, que se candidatou à Prefeitura de São Paulo em 2024, é acusado de colocar em risco a vida dos participantes da excursão de forma contínua e iminente.
De acordo com a Promotoria, as ações de Marçal configuram o crime descrito no artigo 132 do Código Penal, cuja pena varia de três meses a um ano de detenção. A denúncia foi formalizada em 7 de março, e o Ministério Público propôs um acordo de transação penal, que permitiria ao influenciador encerrar o processo mediante o pagamento de R$ 273.240 a uma entidade pública ou privada com fins sociais. A proposta de transação penal é comum em casos envolvendo crimes de menor gravidade ou quando a pena é inferior a dois anos.
Em nota enviada à reportagem, a defesa de Marçal informou que ele não tem interesse em aceitar o acordo e que buscará provar sua inocência no decorrer do processo. "A defesa de Pablo Marçal informa que o mesmo não tem interesse em firmar o acordo de transação penal proposto pelo Ministério Público, tendo em vista estar plenamente convicto de sua inocência, que será provada por ocasião da instrução probatória", afirmou a nota, assinada pelos advogados Paulo Hamilton Siqueira Júnior e Paulo Herschander.
Após a apresentação da denúncia, a juíza Rafaela Glioche, da Comarca de Piquete, determinou que os advogados de Marçal se manifestassem, no prazo de 15 dias, sobre o interesse no acordo. Caso o acordo não seja aceito, a Justiça avaliará se recebe ou não a denúncia, o que pode resultar na transformação de Marçal em réu no processo.
No documento da Promotoria, a promotora Renata Galhardo Zaros descreve as condições adversas enfrentadas pelo grupo durante a excursão: "Na medida em que subiam a trilha rumo ao cume, a chuva aumentou, surgindo significativa neblina e vento forte, com pouca visibilidade, o que tornava o trajeto inóspito, permeado de lama e pedras escorregadias, afora o risco de hipotermia (algumas pessoas estavam com as vestimentas encharcadas sem peças de troca)", afirmou. "Contudo, o denunciado desdenhou dos avisos e chamou o guia de 'covarde', conclamando aos presentes que o seguissem."
A Promotoria sustenta que, de um grupo de cerca de 60 pessoas, 32 seguiram Marçal após ele desconsiderar os avisos e que o resgate só foi acionado mais tarde e com resistência do próprio influenciador. O evento fazia parte de um curso motivacional oferecido por Marçal, intitulado "O pior ano da sua vida", que propunha o desafio como uma prova de superação.
No dia do desafio, 5 de janeiro, a visibilidade na região estava bastante reduzida devido à intensa névoa, e o grupo enfrentou fortes chuvas e ventos até ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros. O episódio ganhou repercussão nacional e, meses depois, Marçal iniciou sua trajetória política, com tentativas de candidatura à Presidência e, posteriormente, à Câmara dos Deputados. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a indeferir o registro de sua candidatura para a Câmara à época.