Léo Batista, um dos nomes mais importantes do jornalismo esportivo brasileiro, faleceu, neste domingo (19), aos 92 anos. Ele estava internado no hospital Rios d'Or, localizado na Freguesia, zona oeste do Rio de Janeiro, devido a complicações decorrentes de um tumor no pâncreas. Ele deixa uma filha e um legado de 76 anos dedicados ao rádio e à televisão.
Infância marcada por dificuldades
Nascido João Baptista Bellinaso Neto, em Cordeirópolis, interior de São Paulo, Léo Batista era filho de imigrantes italianos. Desde cedo, enfrentou uma infância de privações. Enquanto sua mãe, Maria, ajudava a sustentar a família com um pequeno bar, ele e sua irmã Leonilda entregavam pães pelas ruas antes do amanhecer.
“Não tive infância. Não sei o que é brincar”, declarou em uma entrevista recente, relembrando as madrugadas frias que passava descalço ao lado da irmã.
Aos 11 anos, começou a trabalhar como servente de pedreiro ao lado do pai, Antônio. Na adolescência, abandonou o seminário para ajudar a família como garçom. Foi nesse período que iniciou sua carreira no rádio, em 1947, ao ser aprovado em um concurso de locução em sua cidade natal.
Trajetória no rádio e transição para a televisão
O jovem locutor chamou a atenção pelas características de sua voz e, em 1950, teve a oportunidade de cobrir a final da Copa do Mundo no Maracanã pela Rádio Difusora de Piracicaba. No entanto, um problema técnico impediu sua transmissão. Dois anos depois, aceitou o convite do jogador Santo Cristo para trabalhar no Rio de Janeiro, onde passou por rádios renomadas, como Mayrink Veiga e Globo.
Foi nessa época que adotou o nome artístico Léo Batista, uma simplificação de seu sobrenome original, a pedido de um colega que achava difícil pronunciá-lo.
Em 1954, tornou-se o primeiro jornalista a anunciar o suicídio de Getúlio Vargas, um dos momentos mais marcantes de sua carreira no rádio. No ano seguinte, estreou na televisão, apresentando o Jornal Pirelli e narrando partidas na TV Rio.
Léo ingressou na TV Globo em 1970, onde se destacou como narrador substituto na Copa do México e consolidou sua imagem ao participar da estreia de programas como o Jornal Hoje e o Globo Esporte. Ele também foi a voz dos “Gols do Fantástico” por décadas, até 2007.
Momentos pessoais e desafios recentes
Em janeiro de 2022, Léo enfrentou uma tragédia pessoal com a perda de sua esposa, Leyla, que faleceu após sofrer um infarto. O casal tinha uma longa história de amor, marcada por episódios, como o casamento realizado pelo arcebispo Dom Helder Câmara.
No ano passado, Léo perdeu também o amigo e colega Cid Moreira, com quem trabalhou desde os anos 1960. A imagem de sua comoção durante o velório de Cid marcou o público e colegas de profissão.
Mesmo nos últimos anos, Batista ainda frequentava esporadicamente a redação esportiva da TV Globo, mantendo-se ativo. Em 2024, foi tema de uma série documental no Globoplay, que celebrou sua vasta contribuição para o jornalismo esportivo.