A utilização de filmes como repertório para elaboração da redação do Enem tem se tornado uma prática cada vez mais valorizada pelos educadores, pois oferece aos alunos a oportunidade de enriquecer seus argumentos e ampliar sua visão crítica sobre temas existentes.
Candice Almeida, professora de Redação do Colégio Positivo e assessora pedagógica de Redação no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) da Rede de Colégios Positivo, diz que os filmes são excelentes ferramentas para conectar o conteúdo teórico à realidade, facilitando a elaboração de uma redação mais rica e contextualizada.
Segundo o professor e avaliador de Geografia do Ensino médio do Colégio Positivo, Eduardo Berkenbrock Lopes, os filmes ajudam os alunos a estabelecer conexões entre o conteúdo aprendido em sala de aula e as situações retratadas no filme, enriquecendo o repertório e a compreensão dos assuntos.
Contudo, destaca que é fundamental que a seleção seja crítica, pois nem sempre as representações artísticas são baseadas na realidade científica.
Alguns filmes já foram mencionados diretamente nas provas do Enem, exigindo que os candidatos analisem, revisem ou critiquem. Os professores citam como exemplo o documentário “Lixo Extraordinário”, que foi tema de um questionamento sobre a importância da obra do artista plástico brasileiro Vik Muniz. O filme “Frida” apareceu numa questão de inglês que exigia uma interpretação crítica. Já o filme “Homem do Futuro” foi utilizado em questões gramaticais, demonstrando como o Enem integra narrativas em seus enunciados.
Candice e Eduardo sugerem uma lista de filmes que podem ser extremamente úteis para quem prepara para o Enem, oferecendo não apenas um bom repertório cultural, mas também uma base sólida para a discussão de temas sociais, éticos e históricos:
Oppenheimer (2023) — Eduardo ressalta que o filme vencedor do Oscar de 2024 aborda questões éticas e morais sobre o uso da ciência e da tecnologia. A narrativa, situada durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, levanta debates sobre a neutralidade científica e os dilemas enfrentados pelo físico Robert Oppenheimer, líder do Projeto Manhattan. Onde assistir: Amazon Prime, Apple TV e Google Play Filmes
Resistência (2023) — Esta ficção científica explora a relação entre humanos e inteligências artificiais em um futuro distópico, abordando questões éticas sobre a desumanização da tecnologia e os riscos de uma sociedade hipercontrolada. Eduardo sugere que o filme é uma excelente escolha para discussões sobre o impacto da inteligência artificial e os desafios que ela representa para a autonomia humana. Onde assistir: Disney+
Guerra Civil (2024) — Ambientado em uma sociedade distópica, o filme traz uma crítica à polarização política e social, expondo as consequências da fragmentação e do discurso de ódio na sociedade contemporânea. Eduardo destaca que é uma obra relevante para reflexões sobre desinformação, manipulação de informações e autoritarismo. Onde assistir: Amazon Prime, Apple TV, Google Play Filmes e YouTube
Que Horas Ela Volta? (2015) — De acordo com Candice, este filme brasileiro é uma excelente escolha para abordar temas como desigualdade socioeconômica e hierarquias sociais no Brasil. A história de Val, uma empregada doméstica, evidencia as barreiras sociais e o paternalismo nas relações entre patrões e empregados, além de levantar questões sobre o acesso à educação. Onde assistir: Netflix
Marighella (2019) — O filme narra a história do guerrilheiro Carlos Marighella durante a ditadura militar no Brasil, abordando temas como resistência política, repressão e censura. Eduardo sugere que a obra é uma ótima escolha para discutir a luta pela liberdade e os desafios enfrentados pela democracia. Onde assistir: Amazon Prime, Apple TV, Globoplay, Google Play Filmes e YouTube
M8 — Quando a Morte Socorre a Vida (2020) — Drama que aborda o racismo estrutural e a desigualdade social, narrando a trajetória de um jovem negro que ingressa na faculdade de Medicina. Eduardo destaca que o filme é relevante para discutir a vivência de ser negro em espaços elitizados e o impacto das políticas de cotas no Brasil. Onde assistir: Netflix
Invictus (2009) — Narra a história da África do Sul no período pós-apartheid, destacando como Nelson Mandela utilizou o rugby como uma ferramenta para promover a reconciliação entre brancos e negros. Eduardo ressalta que a obra inspiradora para tratar de temas como igualdade racial e a importância da liderança em processos de transformação social. Onde assistir: Amazon Prime, Apple TV, Google Play Filmes e Max
Cidade de Deus (2002) — Eduardo aponta que este clássico do cinema nacional oferece um retrato fiel da vida nas favelas do Rio de Janeiro, abordando temas como marginalização, violência e desigualdade social. O filme é uma referência importante para discutir a ausência do Estado e os desafios enfrentados pelas comunidades periféricas. Onde assistir: Amazon Prime, Globoplay, Google Play Filmes, Max e Netflix.