Duas pessoas foram presas nesta segunda-feira, 14, durante a primeira fase da Operação Verum, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A operação investiga a emissão de laudos falsos relacionados a transplantes de órgãos contaminados com HIV, com o objetivo de identificar os responsáveis pela falsificação e pela liberação dos órgãos, que resultaram na infecção de seis pacientes.
Entre os presos está um médico ginecologista sócio e responsável técnico do laboratório PCS Lab Saleme, apontado como o emissor de um dos laudos falsos. As investigações indicam a suspeita que o grupo criminoso falsificou os resultados, o que permitiu a utilização de órgãos contaminados.
O caso veio à tona após um dos pacientes, que havia recebido um transplante de coração, apresentar sintomas neurológicos nove meses depois. De acordo com informações do governo do estado, houve um erro em dois exames realizados pelo PCS Lab Saleme, que liberou órgãos de dois doadores portadores do HIV para a lista de transplantes.
Em janeiro, a família de um homem autorizou a remoção de seu coração, rins, córneas e fígado. O receptor do coração e os dois pacientes que receberam um rim cada um testaram positivo para o vírus. A pessoa que recebeu a córnea não foi infectada, enquanto o receptor do fígado morreu logo após a cirurgia.
Em maio, os parentes de uma mulher doaram o fígado e os rins, e os três receptores também testaram positivo para o HIV. A unidade privada foi contratada pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) em dezembro do ano passado, por meio de uma licitação realizada via pregão eletrônico, com um valor total de R$ 11 milhões, para realizar a sorologia de órgãos doados.
Testes realizados inicialmente pelo laboratório contratado não detectaram o HIV, mas novos exames feitos pelo Hemorio confirmaram a contaminação. O laboratório foi interditado, e os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.