A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil do Distrito Federal começaram a prender suspeitos de envolvimento em atos de vandalismo em Brasília no dia 12 de dezembro. As ordens de prisão foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os policiais também fazem buscas em endereços ligados aos investigados.
Ao todo, são cumpridos 32 mandados de prisão e de busca e apreensão. A Operação Nero acontece simultaneamente em Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
A investigação foi aberta depois que extremistas tentaram invadir a sede da Polícia Federal no DF diante da prisão do indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante.
Manifestantes também depredaram a 5.ª Delegacia de Polícia da capital federal e colocaram fogo em carros e ônibus. O objetivo da PF é identificar todos os manifestantes e eventuais financiadores.
"O conjunto da investigação buscou identificar e individualizar as condutas dos suspeitos de depredar bens públicos e particulares, fornecer recursos para os atos criminosos ou, ainda, incitar a prática de vandalismo", informou a PF.
Até o momento, a investigação encontrou indícios de crimes de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 34 anos de prisão.
Vandalismo
A noite do dia 12 de dezembro foi marcada por um conjunto de atos de vandalismo em Brasília. Manifestantes inconformados com a vitória e a posse iminente do presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incendiaram ônibus e carros, depredaram prédios públicos e privados, tentaram invadir sede da Polícia Federal e cercar o hotel em que o petista estava hospedado, após sua diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O estopim para os atos de violência foi a prisão temporária, por dez dias, do líder indígena José Acácio Serere Xavante, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). A ordem foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), por suspeita de insuflar manifestações antidemocráticas em vários pontos de Brasília.
Na época, o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, afirmou que uma parcela dos autores dos atos também fazia parte de um acampamento que se alojou em frente ao Quartel General do Exército.
Desde a divulgação, no início de novembro, do resultado do segundo turno, eleitores do presidente Bolsonaro montaram uma espécie de vigília aos arredores dos prédios das forças militares de diversos Estados.
Com a bandeira do Brasil nas costas, esses apoiadores têm pedido por intervenção militar para reverter o cenário das votações para a Presidência da República, o que é inconstitucional.