O Exército vai mobilizar 17 mil homens no desfile cívico de 7 de setembro nas sedes de oito comandos da área da Força terrestre. O número é inferior ao mobilizado em 2022, quando o País comemorou os 200 anos da Independência. Mas, apesar de não ser esperado nenhum discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a exemplo do que seu antecessor Jair Bolsonaro fizera nos anos anteriores para seus seguidores em Brasília, no Rio e em São Paulo, o risco de confusão permanece.
Ele surgiu novamente em publicações nas redes sociais e está relacionado à forma como o bolsonaristas pretendem lidar com a data, oito meses depois do fracasso da intentona do dia 8 de janeiro. Na semana passada, o ministro da Justiça, Flávio Dino, enviou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, um alerta que continha uma dezena de vídeos que, supostamente, incitavam protestos violentos na data cívica.
Um dos vídeos era do pastor Silas Malafaia, figura que esteve presente nas comemorações da Independência patrocinadas pelo então presidente Jair Bolsonaro. Em um deles, Malafaia ataca o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e os generais do Alto Comando. “Sabe por que o ditador da toga, Alexandre de Moraes, comete todas essas injustiças? Porque temos meia dúzia de generais de quatro estrelas que são covardes e frouxos. É meia dúzia de general de quatro estrelas, que são frouxos, que podiam botar o pé na porta.”
Doação de sangue
Na direção contrária dos temores de protestos ou de violência, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criou uma campanha de doação de sangue para que “patriotas” fizessem seu protesto no dia 6, em vez do dia 7. “Quero agradecer a todos que se engajaram na campanha de doação de sangue no dia 6 de setembro. Só em Brasília já são mais de 14 mil pedidos para fazer doação no único hemocentro, que tem capacidade para atender a 270 pessoas por dia.”
Enquanto isso, o general Ricardo Piai Carmona, comandante militar do Planalto, fazia os últimos preparativos para o desfile na Esplanada, que deve começar às 9 horas e se encerrar às 11 horas. Em conjunto com a Marinha, com a Força Aérea, o Corpo de Bombeiros e escolas do DF, os homens do Exército devem partir do Palácio do Planalto em direção à Rodoviária do Plano Piloto.
Valdemar rejeita alianças do PL de Bolsonaro com o PT de Lula
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta segunda-feira, 4, que não existe qualquer hipótese de o PL, partido do qual é presidente e que tem Jair Bolsonaro como presidente de honra, se coligar com o PT nas eleições de 2024. Nas redes sociais, ele exaltou pautas conservadoras defendidas pela sigla para rechaçar qualquer aliança.
O PT vetou coligações com bolsonaristas na próxima disputa, mas sem veto explícito ao PL, em meio a negociações para que antigos aliados do ex-presidente componham a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Que fique bem claro: não existe nenhuma hipótese de coligação com o PT. Somos oposição e assim seguiremos”, afirmou Valdemar Costa Neto na rede social X, o antigo Twitter.
O presidente do PL, um antigo aliado de Lula, vinha sendo pressionado por aliados nos últimos dias, após rumores de que a sigla poderia negociar apoio aos petistas em Estados do Nordeste, onde a força da esquerda é mais proeminente. “O Partido Liberal valoriza a família, a liberdade de expressão e sentimos orgulho do nosso país quando ouvimos o hino nacional. É por isso que o povo brasileiro fez do PL o maior partido do país”, afirmou ele.
No último dia 30, o PT publicou resolução para as eleições de 2024 vetando apoios a candidatos “identificados ao projeto bolsonarista”, mas sem vetos diretos ao PL. Segundo a legenda, um dos objetivos da corrida eleitoral do ano que vem é preparar as bases para uma nova vitória de Lula dois anos depois, o que passaria por alinhar apoios em diversos setores da sociedade. “O PT nesse terceiro governo Lula prepara as bases não apenas para um quarto governo Lula, cuja eleição de 2024 é um momento essencial, mas deve buscar consolidar um amplo bloco de alianças na sociedade”, afirma um dos tópicos do documento petista.