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Presença da Polícia no enterro do menino Ryan, morto pela PM termina em bate boca

"Quem é que está querendo tumultuar, cabo? Quem veio tumultuar aqui foram vocês"

Presença da Polícia no enterro do menino Ryan, morto pela PM termina em bate boca Reprodução/redes sociais

O enterro do menino Ryan da Silva Andrade Santos, 4, terminou com uma discussão entre o ouvidor das polícias de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, políticos e representantes de entidades de defesa dos direitos, de um lado, e homens da Força Tática da Polícia Militar, de outro.

Claudinho, como o ouvidor é mais conhecido, concedia uma entrevista coletiva em frente ao cemitério da Areia Branca, em Santos, sobre as circunstâncias da morte de Ryan.

A confusão começou quando pessoas que participavam do enterro viram uma viatura da Força Tática estacionar em frente à entrada do cemitério. Na sequência, os agentes abordaram um homem que guiava uma motocicleta sem placa. O ouvidor e outras pessoas foram até a equipe policial para questionar a ação.

O motociclista afirmou que um dos policiais, durante a abordagem, deu um tapa em seu capacete. O bate-boca entre o ouvidor das polícias o comandante da equipe, sargento Ailton, discutiu tanto a abordagem em frente ao cemitério quanto a ação da PM ao longo da manhã, após a ação policial que deixou Ryan e um adolescente de 17 anos mortos na noite de terça (5).

"Eu acredito que a Polícia Militar do Estado de São Paulo existe para ajudar as pessoas, mas nesse momento a polícia não está ajudando ninguém aqui", disse Claudinho ao sargento. "O senhor sabe que não está."

Poucas horas horas antes, uma carreata em homenagem a Ryan foi bloqueada por uma viatura do Choque. Segundo duas pessoas que testemunharam a conversa, um dos PMs que fazia o bloqueio ameaçou o grupo. Ele disse que eles deveriam descer das motos para "trocar tiros" com eles, segundo o relato.

A atuação da polícia foi mencionada pelo ouvidor ao longo da discussão. "Colocar uma viatura na porta do velório de uma criança que morreu com um tiro de fuzil da polícia?", questionou ele.

O ouvidor também questionou a postura do sargento após um subordinado dizer algo ao pé do ouvido do comandante. "O senhor está tomando ordens de um cabo?"

Um dos PMs tirou uma espingarda da vista no momento em que o grupo, que tinha entre 20 e 30 pessoas, aproximou-se da equipe. Motocicletas e outras viaturas chegaram para dar apoio à Forca Tática em meio à confusão.

"Quem é que está querendo tumultuar, cabo? Quem veio tumultuar aqui foram vocês", disse Claudinho a um dos PMs em certo momento.

A deputada estadual Paula Nunes (PSOL) também abordou os policiais, pedindo justificativas para a abordagem. Um dos PMs pediu que ela e outras pessoas do grupo se afastassem.

Na quarta (6), a deputada questionou o secretário estadual de Segurança Púbica, Guilherme Derrite, sobre a ação que terminou com a morte do menino de 4 anos e do adolescentes de 17. Derrite respondeu que ela fazia "vitimismo barato" com a morte da criança.

Além das abordagens no morro do São Bento, a reportagem viu viaturas de outros batalhões entrarem e saírem do cemitério antes e depois do enterro.

O sargento Ailton fez uma espécie de mea-culpa, dizendo ao grupo que sentia pesar pela morte de Ryan e que também tem filhos.

Minutos antes, na entrevista coletiva, Silva disse que quem não se consterna com a morte do menino de 4 anos "não é gente".

Marcos Fuchs, integrante da comissão de segurança pública da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), comentou a ação da polícia durante a manhã do enterro.

"Obviamente chocados, estarrecido por essa violência sem precedentes onde uma criança de 4 anos que jogava futebol perde a vida", disse Fuchs. Ele disse que espera uma "apuração rápida e isenta por parte das polícias".

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