Delegado Ângelo Lages informou que as contas bancárias da socialite Regina Lemos Gonçalves, viúva e herdeira do empresário Nestor Gonçalves, fundador da Copag, foram esvaziadas e que a idosa, de 88 anos, acumula dívidas de IPTU e condomínio em seus imóveis. Segundo ele, Regina vive atualmente no Edifício Chopin, mas suas despesas estão sendo custeadas pelo irmão.
As declarações foram feitas em entrevista ao programa *Encontro*, da TV Globo, na quarta-feira, 27, durante atualização sobre o caso do ex-motorista José Marcos Chaves Ribeiro, de 53 anos, que está foragido e é réu por cárcere privado e tentativa de feminicídio contra Regina. Lages relatou que esteve na mansão da socialite, localizada em São Conrado, e encontrou o imóvel deteriorado, com apenas uma obra de valor, já devolvida à proprietária. Ele explicou que a Justiça determinou a desocupação do local e que todos os ocupantes foram retirados.
O delegado afirmou que oito pessoas estão sendo investigadas por envolvimento na trama, que classificou como "complexa". Com base no relato de Regina, explicou que o ex-motorista teria a isolado, desconectado o telefone fixo e confiscado o celular para assumir controle total sobre ela e seu patrimônio. Acrescentou que o homem não agia sozinho e que as oito pessoas ligadas a ele estão proibidas de se aproximar da socialite.
Ângelo Lages anunciou a abertura de um inquérito para investigar os danos financeiros sofridos por Regina, detalhando que ela vive sem dinheiro em espécie e com suas contas zeradas, dependendo exclusivamente do patrimônio, que está comprometido por dívidas altas. Ele informou que o irmão da socialite é o responsável por sustentar suas despesas e que a investigação busca rastrear os valores desviados, avaliados em milhões de reais.
José Marcos também foi indiciado pelo furto qualificado de todas as joias de Regina. Segundo o delegado, o motorista desapareceu no dia em que seria preso na mansão de São Conrado. As investigações apontaram que ele passou pela Rocinha, mas seu paradeiro atual é desconhecido. Lages acredita que José Marcos está ciente do mandado de prisão e se escondendo.
O Disque Denúncia divulgou, na quarta-feira, 27, um cartaz solicitando informações sobre o ex-motorista. A operação Dama de Ouros, realizada na terça-feira, 26, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, tentou prendê-lo, sem sucesso. José Marcos é acusado de tentativa de feminicídio, sequestro, cárcere privado, violência psicológica e furto qualificado. A família de Regina o acusa de mantê-la isolada por 10 anos no apartamento onde viviam, em Copacabana, sem contato com amigos ou parentes.
Embora José Marcos alegue que era casado com Regina, ela nega. Em abril, o Fantástico revelou a existência de uma escritura de união estável registrada em 2021. A investigação conduzida pela 12ª DP começou em novembro de 2022 e embasou a denúncia e o pedido de prisão, aceitos pela Justiça.
A acusação de tentativa de feminicídio está relacionada a uma internação de Regina em 30 de dezembro de 2021, quando sofreu uma lesão na cabeça e precisou de cirurgia, recebendo alta em janeiro de 2022 sem que a família fosse avisada. A Justiça determinou a desocupação de uma mansão em São Conrado, administrada por José Marcos e alugada a terceiros, além de buscas em outros imóveis da socialite, localizados na Avenida Prefeito Mendes de Morais.
José Marcos está proibido de se aproximar de Regina. A defesa dele informou que só se manifestará após ter acesso à decisão judicial. Os advogados de ambos disputam na Justiça a administração do patrimônio da socialite. A escritura de união estável de 2021 aponta que ambos estavam em pleno uso de suas faculdades mentais, com base em dois laudos psiquiátricos apresentados à época.