Seca prolongada e considerada anormal em rios da Amazônia tem provocado prejuízos diversos, comprometendo o acesso à água, comida e navegação. Outra perda recai sobre o turismo.
Reportagem do Profissão Repórter mostrou nesta semana que o rio Solimões apresenta agora um deserto de areia, com seca total em parte de espaços onde era leito.
Equipe de reportagem do atrativo da TV Globo atravessou imensidão de areia e ouviu relatos cruéis de comunidades ribeirinhas que se desdobram para sobreviver a essa seca. Pescadores andam quilômetros por areia na busca por água e alimento.
‘Em alguns trechos, ainda era possível navegar com pequenos barcos, mas em certo ponto, a única opção foi seguir por terra, que estava coberta de lama. Após quase duas horas de trajeto, a equipe finalmente chegou à comunidade indígena Porto Praia, onde foram recebidos pelo cacique Anilton Kokama, que se emocionou ao falar sobre a situação’, informa parte de reportagem do programa.
Segundo informações do Governo do Amazonas, especialistas esclarecem que a castigante seca que muda a rotina de milhares de moradores na região tem relação com a combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas – o El Niño, aquecimento do oceano Pacífico, e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte.
Auxílio
O governo federal informou que vai pagar auxílio no valor de R$2.640 para pescadores afetados pela seca na Amazonia. Medida Provisória (MP) autorizando o repasse assistencial foi assinada pelo presidente Lula (PT) ontem.
O auxílio será viabilizado para pescadores artesanais beneficiários do Seguro Defeso que estão cadastrados em municípios que apresentam situação de emergência. Mesmo que recebam outros benefícios assistenciais ou previdenciários, pescadores de mais de 90 localidades de quatro estados serão atendidos.
Nascente no Peru
O Solimões, cuja nascente é no Peru e ocupa área de 57.922 quilômetros quadrados, tem como afluentes os rios Javari, Jutaí, Juruá e Purus, na margem direita, e os rios Içá e Japurá na margem esquerda. Ele percorre os municípios de São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Tonantins, Jutaí, Fonte Boa, Tefé, Coari, Codajás, Anamã, Anori, Manacapuru, chegando em Manaus, se encontrando com o rio Negro (formando um espetáculo mundial da natureza, devido o contraste formado por suas águas; o Solimões com água de cor bastante clara. O Negro, com água escura), passando a receber o nome de rio Amazonas.
A profundidade do Solimões varia entre oito e 20 metros e apresenta período de enchente de fevereiro a junho e de vazante entre julho e outubro. Altamente navegável, em seu leito desde o município de Tabatinga, se estendendo até Manaus, tem no seu leito normal embarcações de cargas e passageiros, ribeirinhas, de turismo e lazer, balsas de cargas, balsas de derivados do petróleo, navios mercantes e navios graneleiros. É também rota do tráfico de drogas e de mercadorias contrabandeadas.
Reportagens do DM de 4 e 17 de outubro mostraram que a estiagem na região amazônica, a mais acentuada das últimas quatro décadas, deixou parte da região em estado de emergência. Menos de um mês depois a situação se agravou.