O 1º Workshop Mulheres em Ação promovido pela Associação Goiana de Municípios (AGM) com o apoio do Conselho Estadual da Mulher (Cosem) reuniu centenas de mulheres participantes. O auditório da FASAM esteve repleto de prefeitas, vices, vereadoras, primeiras damas, secretárias municipais e demais lideranças representando quase todos os municípios goianos. Em foco dois importantes temas que integram a agenda da luta das mulheres: o alto índice de violência praticado contra as mulheres e a pequena participação na vida pública. Dentre as inúmeras autoridades que prestigiaram o evento esteve o Secretário de Desenvolvimento Social, Marcos Cabral.
Uma das atrações foi a participação da influencer e blogueira Rafa Kalimann que despertou as participantes para a necessidade de se tomar a iniciativa própria no sentido de se ocupar os espaços. Durante sua palestra foram apresentados depoimentos considerados chocantes de mulheres vitimas de violência e denunciada a omissão do poder público na solução do problema. Problema considerado grave pela titular da Delegacia da Mulher, Dra Paula Meotti, o qual incentivou as vítimas a não se calarem e denunciarem os abusos.
Mulher na política
“Mulher na Política: desafios e avanços” foi um dos temas discutidos com as participações da prefeita Nárcia Kelly (Bela Vista de Goiás) e as deputadas Adriana Accorsi (Estadual e Flavia Morais (Federal). Em todas as exposições houve a unanimidade de opiniões de que a participação da mulher na vida pública é muito pequena e distante do que realmente merecem. O grande desafio é como reverter essa situação. “Se depender da atuação dos homens nos parlamentos, elaborando leis que facilitem essa mudança, isso dificilmente vai acontecer. Depende da iniciativa de nós mulheres. Nos candidatando nas eleições e nos elegendo para a ocupação de cargos eletivos”, alertou a deputada Flávia Morais que é coordenadora da bancada federal goiana no Congresso Nacional integrada por 15 deputados, 2 deputadas e 3 senadores. Para a parlamentar a situação está distante da ideal, mas as mulheres têm avançado na ocupação de espaços “mas hoje temos apenas uma sub-representação política”.
“Há a necessidade de se fazer um amplo trabalho de conscientização e de fortalecimento das entidades e partidos políticos. Vários projetos têm sido elaborados pelo Congresso Nacional com aprovação de leis que contam com o apoio do judiciário. Um dos exemplos é a exigência da criação de cotas de participação. Esta obrigação é prevista pela Lei nº 9.504/97, que estabelece as normas para as eleições e garante no mínimo de 30% das vagas e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. Outra exigência: no início desse ano o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que os partidos devem repassar 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para candidaturas de mulheres”.
Discriminação no trabalho
A deputada Adriana Accorsi, que também já foi vereadora, procurou encorajar as participantes do evento a entrarem para a política, disputado prefeituras e vagas nas Câmaras Municipais. Outro problema destacado pela parlamentar é a discriminação no trabalho. “Os salários das mulheres hoje, numa mesma função, são de apenas 70% do que ganham os homens. Por outro lado elas trabalham, em média, sete horas e meia a mais por semana.
Já a prefeita Nárcia Kelly explanou sobre sua gestão, considerada de sucesso. Destacou que sempre procurou prestigiar as mulheres em sua administração na ocupação das secretarias.
Redes de proteção
O Conselho Estadual de Educação e a Secretaria de Desenvolvimento Social apresentaram seus trabalhos e defenderam a necessidade de ampliação da rede de proteção e de aperfeiçoamento dos órgãos que atuam, no combate a violência as mulheres. Uma das sugestões é a implantação em cada município dos Conselhos Municipais das Mulheres, atualmente existentes em poucas cidades goianas. Também é importante a criação de um calendário de ações em defesa da mulher. E para tanto dois eventos já estão programados: a Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres e o 2º Simpósio sobre a “A importância da mulher na construção de um parlamento democrático”