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Alunos com deficiência intelectual recebem kits pedagógicos durante quarentena

O Centro de Atendimento Educacional Especializado Instituto Pestalozzi, localizado no setor Pedro Ludovico em Goiânia, atende crianças e adultos portadores de deficiência e por meio de sua equipe de especialistas em educação especial, têm desenvolvido jogos educativos e distribuído aos alunos durante o período de suspensão das aulas ocasionado pela pandemia do coronavírus.

Com educação especial voltada para o atendimento de alunos com problemas de deficiência intelectual como Transtorno Espectro Autista, Síndrome de Down ou paralisia cerebral, a equipe administrativa e pedagógica criou através do uso de sucatas, kits para que os alunos com dificuldade de acesso a internet pudessem dar continuidade ao processo de aprendizagem em casa.

De acordo com a equipe gestora a unidade desenvolve o Projeto Borboletas, com salas temáticas pedagógicas, atuando por meio da teoria Pestalozzi - que busca desenvolver e despertar o aprendizado com base na experimentação prática e na vivência intelectual, sensorial e emocional pelo próprio aluno, de modo afetivo.

Usando a teoria em associação ao método TEACCH, que “é um modelo especializado que fornece adaptação curricular para nossos alunos, pois somos uma instituição de educação especial. Esse modelo é aplicado de forma lúdica e criativa, pensando em dar continuidade a essa proposta de trabalho rico e de excelência, estendemos então essa prática para casa dos alunos” explicou a equipe.

Reaproveitamento de sucatas

Através de voluntários e membros que compõem a equipe administrativa e pedagógica, foram replicados kits com atividades pedagógicas, que já eram utilizados nas salas temáticas da instituição através da reutilização de sucatas, “os kits são compostos por atividades estruturadas (impressas) e atividades não estruturadas (feitas com sucatas)”.

O conteúdo é diversificado e contém jogos de memória, quebra – cabeças, pareamento de cores, dominó, jogo das sombras, além de jogos que trabalham com as formas geométricas e as vogais. Tudo isso para promover a aprendizagem de forma especializada e favorecer o desenvolvimento dos alunos de forma prazerosa, aponta a instituição.

A iniciativa surgiu após um levantamento de alunos que não tem acesso à internet e com objetivo de alcança-los a instituição iniciou a ação, “porém o trabalho se estendeu a todos os alunos, com objetivo de motivar e claro dar continuidade a adaptação curricular que é de direito deles”. Para os alunos que têm acesso a internet, os docentes elaboraram vídeos para explicar aos pais como usar o material junto de seus filhos.

“Já para os alunos que não tem acesso a internet, a própria escola está fazendo agendamento com pais que tem condição de vir buscar ou levando na residência e dando suporte pelo telefone para ajudar a família trabalhar com os kits. O mais especial é que também estão sendo usados jogos que fazem parte da realidade da infância dos pais, para facilitar o ensino em casa”, explica a equipe.

A ação despertou o interesse da comunidade, “a principio os kits foram iniciados pela equipe gestora, em seguida foram surgindo voluntários, uns foram na própria escola, outros de cada e através de filhos e esposos fizeram chegar até a escola. Foi um trabalho de comunhão. Ao todo foram 300 kits pedagógicos mais as atividades estruturadas (impressas)”.

Produção dos kits / Foto: arquivo pessoal

Os kits foram desenvolvidos através do reaproveitamento de sucatas, foram utilizados tampinhas de garrafas, palitos de picolé e papelão. Materiais já faziam parte do Projeto Borboletas criados pela equipe gestora. A entrega dos kits começou pessoalmente pela própria equipe e com a repercussão foi criado um ponto de apoio na própria escola “também foi pago Uber para ajudar na entrega do material”.

Por ser uma instituição de ensino da rede pública com poucos recursos financeiros, a prática de utilização das sucatas permitiu a viabilização dos kits e a unidade tem recebido testemunhos dos pais que têm enviado fotos e vídeos dos trabalhos com os filhos “os alunos sentem muita falta da escola, porque para muitos é o local que eles mais gostam".

Russo, pai de uma das alunas da instituição relata que a filha Suelen de 27 anos, sente muita falta do ambiente escolar e que a iniciativa da escola é um dos maiores atrativos para a filha " quando passam as tarefas ela fica ligada à novidade e eu e minha esposa realizamos as atividades com ela. Foram muito bons esses jogos", elogiou o professor aposentado.

"O contato de ver, ouvir, falar com os professores e de diversificar as aulas, dando continuidade as oficinas que eram realizadas na escola é de emocionar, alguns pais até choram ao receber o material” relata a instituição.

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